18 de setembro de 2014 - 17h20
Em Portugal, estima-se que o vírus da Hepatite C atinja 38.620 indivíduos, sendo que destes, 30.896 deverão apresentar infeção ativa, potencialmente com necessidade de tratamento. Estes são os resultados preliminares dos estudos E-Cor Fígado e do Estudo Epidemiológico das Hepatites Víricas (EEPV), conduzidos sob orientação da Associação Portuguesa de Estudo do Fígado (APEF).
Avaliando o conjunto de dados, numa amostra com 2.336 indivíduos, com 10 indivíduos com anticorpos VHC (Ac VHC) positivo, oito (80%) do sexo masculino, resulta numa prevalência da Hepatite C na população geral de 0,42%. Um terceiro estudo foi recentemente realizado na população prisional portuguesa, tendo-se verificado uma prevalência de 18,8% de Ac VHC positivo, numa amostra de 784 indivíduos.
“A APEF tem procurado avaliar a real dimensão da Hepatite B e C em Portugal. A hepatite crónica B e C são, atualmente, um problema de saúde pública, pelo risco que têm de progressão para cirrose e cancro do fígado, e também pelos sintomas e complicações que frequentemente lhe estão associadas”, refere Helena Cortez Pinto, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado.
O estudo E-Cor, da responsabilidade do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), debruçou-se sobre as regiões de Lisboa, Coimbra, Porto e Alentejo. Neste estudo foram, até à data, estudados os marcadores do vírus C em 1.296 indivíduos adultos, identificando-se seis indivíduos com anticorpos VHC positivo, o que resulta numa prevalência de 0,46%. No entanto, apenas dois indivíduos (33%) apresentavam carga viral positiva. A idade média da população estudada foi de 50,1 anos, sendo 51% do sexo masculino. Os indivíduos Ac VHC positivo tinham idade média de 41,3 anos. 
O estudo epidemiológico das Hepatites Víricas (EEHV) avaliou indivíduos das zonas Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, com idade média de 52 anos, sendo 35% do sexo masculino. Até ao momento, foram estudados 1.040 adultos, identificando-se quatro com anticorpos VHC positivo, correspondendo a uma prevalência de 0,38%. 
No que respeita à Hepatite B, no estudo E-Cor, os dados preliminares revelaram uma prevalência de Antigénio de Superfície (AgHBs) de 18/1291 (1,4%). A prevalência de AcHBs foi de 394/1301 (30%) e a prevalência de AcHBc foi de 126/1290 (9,7%). O Antigénio de Superfície é o 1º marcador a surgir, entre os sete e os 20 dias antes da sintomatologia e a sua presença traduz sempre a presença de infecção. No caso de persistir positivo por um período superior a seis meses, define uma infecção crónica. 
No grupo de indivíduos com menos de 30 anos, a frequência de AcHbs isolado é de 131/226 (58%), e no grupo com menos de 25 anos é de 73/116 (62%). “Esta população corresponde à população vacinada e os resultados demonstram a eficácia do programa de vacinação da hepatite B, implementado nos últimos anos em Portugal”, sublinha Helena Cortez Pinto.
Por SAPO Saúde