Os objetivos das Nações Unidas passam por chegar a 2030 com a epidemia do VIH/sida terminada, havendo apenas casos isolados, mas deixando de ser uma ameaça à saúde mundial.

Na véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala na quinta-feira (01/12), António Diniz, antigo coordenador do Programa Nacional para o VIH/sida, lembra que atualmente a infeção é já considerada uma doença crónica. “Uma pessoa que aos 20 anos é diagnosticada com VIH e que faça os tratamentos e controlos virológicos adequados tem uma expetativa média de vida de mais 45 anos”, exemplifica o especialista, em declarações à agência Lusa.

Também o presidente da associação Abraço recorda que, em 30 anos, o panorama da infeção mudou completamente. “Passámos de uma questão de mortalidade e de pouca esperança de vida, para outra questão, na qual estamos neste momento a trabalhar, que é como as pessoas envelhecem com o VIH e como podemos garantir melhor qualidade de vida numa idade mais avançada, tendo em conta que são doentes que fazem uma medicação crónica e que traz consigo algumas complicações inerentes ao funcionamento sistémico do organismo”, refere o presidente da Abraço, Gonçalo Lobo.

Antes de se atingir uma eliminação da epidemia em 2030, é preciso primeiro cumprir os três grandes objetivos da ONU para 2020: ter 90% das pessoas que vivem com VIH diagnosticadas, atingir 90% dos diagnosticados em tratamento e 90% dos que estão em tratamento atingirem carga viral indetetável (o que torna muito baixa a possibilidade de transmitir a infeção).

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Depois de atingidos estes objetivos em 2020, a ONU sida traça para 2030 os mesmos três objetivos, mas cuja meta passa a ser de 95% na mesma tríade. Portugal terá já cumprido o primeiro dos três objetivos traçados pelo Programa das Nações Unidas para o VIH, tendo 90% das pessoas com VIH diagnosticadas.

45 mil pessoas infetadas com VIH em Portugal

Um estudo recente, apresentado internacionalmente por António Diniz em setembro, concluiu que menos de cinco mil pessoas em Portugal estarão infetadas com VIH sem saberem, o que representa menos de 10% dos infetados. Os novos dados apontam para menos de 45 mil pessoas infetadas com VIH em Portugal, um número que é menos elevado do que as 65 mil a 70 mil pessoas que a própria ONU/sida apontava para o país. Assim, a fração de casos não diagnosticados em Portugal estará abaixo dos 10%, sendo bem menor do que os 25 a 30% que se julgava existirem.

Para António Diniz, estes dados vieram mostrar que pode ser possível chegar a 2030 apenas com casos isolados de VIH/sida, mas é imperioso que se atinjam as metas de 2020. Falar em erradicação parece mais difícil, reconhece o especialista, para quem sem uma vacina será complicado atingir um completo desaparecimento da doença à escala mundial.