A discrepância de casos é justificada pelo desfasamento na introdução dos dados no programa de vigilância. Quem o diz é a médica Isabel Aldir, diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA e Tuberculose. A notícia é avançada pelo jornal Público.

Por outro lado, a especialista salienta ao referido jornal a tendência decrescente e "consistente" dos novos casos de contágio em Portugal, desde 2000. No relatório da OMS, os especialistas reclamam estratégias mais eficazes para travar o contágio, como o recurso a testes de auto-diagnóstico e a inclusão de tratamento profilático pré-exposição ao vírus VIH (PrEP).

O relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e da Delegação Regional da OMS para a Europa frisa que a epidemia continua a fazer novas vítimas, sobretudo no Leste da Europa.

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No velho continente, no ano passado, foram diagnosticadas mais de 160 mil pessoas com o VIH. É o maior número de novas infeções alguma vez registado em apenas um ano, desde que a evolução da doença começou a ser monitorizada, no início da década de 1980.

A Rússia e a Ucrânia contribuíram com 73% para os 160.453 novos casos.

Segundo o documento, 51% dos diagnósticos foram feitos numa fase avançada. No conjunto dos países analisados, decorreram em média três anos entre o momento do contágio e o do diagnóstico, o que segundo os especialistas europeus "é demasiado tempo", lê-se no relatório.

Menos 13,6% dos casos

Portugal registou 1.030 novos casos de VIH em 2016, confirmando a tendência de descida, com o maior número de infeções a ter origem em contactos heterossexuais, seguindo-se o sexo entre homens e o uso de drogas injetáveis.

Segundo o relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Portugal registou até hoje 56.001 diagnósticos de infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), dos quais 1.030 em 2016.

O número de casos registados no ano passado representa uma descida de 13,6% em relação a 2015 e de 35% face a 2013.

Os valores mais recentes atribuem a Portugal uma taxa de 10 novos casos de VIH por 100 mil habitantes, refere o documento. O relatório atribui mais novos casos a homens (734) do que a mulheres (296).

Segundo o ECDC e a OMS, em 2016 contabilizaram-se 366 novos casos de diagnóstico de VIH em homens infetados em situação de sexo com outros homens. O uso de drogas injetáveis foi responsável por 30 novos diagnósticos no ano passado, enquanto o contacto heterossexual deu origem a 586 novos casos.

No mesmo período, ocorreram novos casos de VIH com origem na transmissão mãe-filho.

Os autores do documento indicam que uma em cada duas pessoas que vivem com o VIH na Europa diagnosticaram a doença tarde.