“Não estamos só a falar do fecho do centro de saúde à noite. Estamos a falar, acima de tudo, do desmantelamento do centro de saúde da Ribeira Grande”, disse aos jornalistas o presidente da câmara municipal, Alexandre Gaudêncio, que esteve entre os manifestantes.

A vigília estava marcada para as 20:00 locais (21:00 em Lisboa) e juntava, ao fim de uma hora, cerca de duzentas pessoas, segundo o presidente da Juventude Social-Democrata (JSD) da Ribeira Grande, Ruben Correia.

Tanto Ruben Correia como Gaudêncio sublinharam que este é o terceiro concelho mais populoso dos Açores e que o centro de saúde da cidade serve toda a costa norte da ilha de São Miguel, desde o Nordeste a algumas freguesias de Ponta Delgada, num total de 50 mil habitantes.

O autarca acrescentou que 60% da população do concelho (18 mil pessoas) não tem médico de família e que há na Ribeira Grande, por exemplo, uma das maiores taxas de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), considerando que são números que justificam “um tratamento diferente” no que toca à saúde.

Em relação ao “desmantelamento” do centro de saúde (a que a generalidade das pessoas que hoje estiveram no protesto chamam hospital), Gaudêncio apontou, além do encerramento noturno, a existência de “equipamentos”, como um “mamógrafo”, que não são usados, quando o tempo de espera para uma mamografia no hospital de Ponta Delgada atinge os dois anos, segundo “notícias recentes”.

Entre gritos de “queremos o hospital aberto”, os manifestantes queixaram-se sobretudo do fecho noturno do serviço de atendimento urgente e de outras valências, obrigando à ida dos doentes para Ponta Delgada. 

Para além de ser mais distante, o serviço de transporte por parte dos bombeiros, quando solicitado diretamente por um particular, passou a ser pago, sublinharam aos jornalistas várias pessoas que estavam na concentração.

Um dos motivos que levou à convocatória da vigília foi o alegado fecho do serviço de análises clínicas, que hoje de manhã a Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel desmentiu, garantindo, num comunicado, que o centro de saúde da Ribeira Grande continua a fazer a recolha de sangue, não precisando os utentes de ir a Ponta Delgada para isso ou para conhecer os resultados.

Manifestando a sua satisfação com o “desmentido” de uma medida que “estava anunciada”, Alexandre Gaudêncio sublinhou que “manifestações” como a de hoje “servem precisamente para mostrar” ao Governo Regional que “a população da Ribeira Grande está descontente e merece outro tratamento”.

Ruben Correia sublinhou a mobilização que a iniciativa conseguiu, reunindo duas centenas de “militantes e não militantes da JSD e do PSD” num “dia de semana”, apesar de ter sido divulgada “apenas nas redes sociais durante três ou quatro dias”.