Em 2012, um estudo publicado no Journal of Animal Science and Biotechnology divulgou os resultados das fases iniciais de testes de uma vacina para perder peso, uma inovação que abre esperanças a milhões de obesos em todo o mundo. O objetivo desta solução farmacêutica, que utiliza a hormona da somatostatina, era acelerar o metabolismo, fomentando o emagrecimento e resultando numa perda de gordura corporal mais rápida do que os regimes de perda de peso tradicionais.

Esta pesquisa, levada a cabo por Keith Haffer, investigador e presidente da Braasch Biotech, uma empresa de biotecnologia de Dakota do Sul, envolveu ratos de laboratório. Os animais foram alimentados com uma dieta rica em gordura e divididos em dois grupos. Ao primeiro, foram administradas injeções de uma solução salina, enquanto o segundo usufruiu da vacina. Os resultados demonstraram que o segundo grupo registou uma perda de peso de cerca de 12%.

Menos peso a partir do quarto dia

Duas outras vacinas, ligeiramente modificadas, foram também testadas durante seis semanas. Os roedores que foram submetidos a uma delas registaram uma perda de mais de 10% do seu peso inicial a partir do quarto dia de injeção. «Este estudo demonstra que é possível tratar a obesidade através da vacinação», garantiu, na altura, Keith Haffer.

«São, no entanto, necessárias pesquisas mais amplas para estudar os efeitos desta nossa vacina a longo prazo. Mas [a confirmarem-se os resultados deste estudo preliminar] os profissionais de saúde passarão a dispor de um método não cirúrgico e não medicamentoso contra a epidemia da obesidade», referiu o investigador. Cinco anos depois, a vacina existe mas está longe de ser utilizada em larga escala, como previa o seu criador.

Outras substâncias injetáveis

Entre 2012 e 2015, a Food and Drug Administration (FDA), o regulador de saúde norte-americano, aprovou quatro medicamentos injetáveis para combater a obesidade. Um dos mais promissores é o liraglutide, comercializado com o nome Saxenda. Segundo um estudo publicado no New England Journal of Medicine, os resultados de um ensaio clínico com 3.700 voluntários de seis continentes não deixam margem para dúvidas.

Além de potenciar a perda de peso, também ajuda a controlar a quantidade de açúcar no sangue. «A avaliação geral é muito positiva e equiparável ou até melhor do que outras que existem atualmente no mercado. Estamos perante uma nova geração de fármacos», disse Xavier Pi-Sunyer, investigador do Columbia University Medical Center à CBS News.

O estudo foi financiado pela Novo Nordisk, uma companhia farmacêutica sediada na Dinamarca, que requereu autorização à FDA para continuar a realizar ensaios clínicos da vacina. A ideia é obter um histórico de 15 anos para identificar possíveis efeitos secundários decorrentes da vacinação. Náuseas, vómitos, diarreia e redução de apetite são alguns dos já identificados.

Texto: Luis Batista Gonçalves