Pela primeira vez, uma vacina eficaz contra a malária poderá estar disponível em África a partir de 2015, anunciou um dos investigadores responsáveis pelo projecto, Joe Cohen, numa conferência em Washington.

"A terceira fase do ensaio clínico da vacina RTS,S contra o 'plasmodium falciparum', o mais mortífero parasita que causa a malária, está em curso em sete países de África e está a correr muito bem", disse na terça-feira Joe Cohen, investigador do laboratório britânico Glaxo Smith Kline (GSK), que está há 20 anos a desenvolver uma vacina.

"Acreditamos que teremos os primeiros dados relativos a estes ensaios em 2012, e, para breve, poderíamos começar a usá-lo em África entre 2015 e 2016", disse o investigador.

Doze mil crianças participam em testes clínicos no Burkina Faso, Gabão, Gana, Quénia, Malauí, Moçambique e Tanzânia.

As crianças devem ser saudáveis e serão seguidas durante 32 meses, explicou Kwaku Poku Asante, uma epidemiologista do Gana.

Os resultados dos ensaios clínicos da terceira fase desta vacina, publicados em 2008, mostraram uma eficácia de 53 por cento em crianças pequenas e 65 por cento em lactentes, dois grupos que são particularmente ameaçados pela doença.

 "A RTS,S pode salvar centenas de milhares de vidas em África, mesmo que seja apenas parcialmente eficaz contra a doença", de acordo com Joe Cohen.

Cerca de 200 pessoas morrem de paludismo (doença conhecida também como malária) a cada hora e as principais vítimas são as crianças africanas, segundo os organizadores da conferência.

"Temos de olhar em frente e pensar numa vacina de segunda geração melhor, que seja 80 por cento eficaz", disse Cohen.

"Esta vacina pode ser eficaz em parasitas que são comuns em outros locais, como a Ásia e a América do Sul, onde o 'plasmodium vivax' é predominante", acrescentou.

Quase 900 mil pessoas, a maioria em África, morrem anualmente de malária, causada por um parasita transmitido por um mosquito, a fêmea do mosquito 'anopheles'.

Fonte: Lusa

2010-09-30