"É inadmissível a proposta do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano [ULSLA] de privatizar o Serviço de Urgência do Hospital do Litoral Alentejano", afirmou a entidade que coordena as Comissões de Utentes da região em comunicado enviado hoje à agência Lusa.

Os utentes consideram que, "a concretizar-se", a solução iria servir para "subsidiar empresas privadas" através de dinheiros públicos, além de contribuir para "o aumento da degradação das condições já precárias do Serviço de Urgência" do hospital local, sendo as "consequências negativas" suportadas pelos profissionais de saúde e pelos utentes.

As exigências das comissões de utentes ao Governo pretendem que "seja anulada a proposta de privatização" e terminados os contratos com "todas as empresas de trabalho temporário" que prestam serviços à ULSLA, ao mesmo tempo que pedem o reforço de "recursos humanos e materiais" e a valorização das carreiras dos profissionais de saúde.

A presidente da administração da ULSLA, Maria Joaquina Matos, admitiu, há pouco mais de uma semana, externalizar a globalidade do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica do Hospital do Litoral Alentejano (HLA), à semelhança do que acontece em "grande parte" dos hospitais espanhóis.

Esta é uma das alternativas para resolver os problemas do serviço que têm vindo a ser discutidas na entidade desde março de 2013, mas, segundo a administradora, a proposta "não é consensual por várias razões, inclusive por interesses instalados".

Estas explicações foram dadas aos jornalistas por Maria Joaquina Matos no seguimento da recusa dos 16 chefes de equipa da Urgência do HLA em continuar a assumir o cargo, decisão que deram a conhecer ao diretor clínico, no dia 26 de fevereiro, através de um abaixo-assinado.

Os clínicos alegaram "degradação contínua das condições de trabalho, quer em termos de falta de material, quer em termos de falta de pessoal", mas a administração da ULSLA reconhece apenas a carência de recursos humanos.

A administradora lembrou que a ULSLA, que integra todos os serviços de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines, precisa de 186 médicos para assegurar o atendimento da população, mas dispõe apenas de 79.