"No Alentejo litoral existem cerca de 30 mil utentes sem médico de família, pelo que exigimos a contratação de mais médicos de família", escreve num comunicado enviado hoje à agência Lusa a coordenadora das comissões de utentes da região, que abrange os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), Paulo Espiga, negou haver "30 mil pessoas sem médico de família" na região e afirmou que "neste momento" há "cerca de doze mil utentes" nessa situação, que prevê passarem a "sete mil" a partir de fevereiro, com o reforço de mais "três médicos".

No comunicado, divulgado na sequência de uma reunião com o conselho de administração da ULSLA, os utentes apontam ainda o "incumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos", no Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, para "consulta, cirurgia e exames".

O tempo de espera de "cerca de dois anos" para "uma colonoscopia e cerca de 1.600 utentes em lista de espera para cirurgia oftalmológica" são dois dos exemplos dados pelos utentes.

As comissões de utentes prometem ainda continuar a lutar, em relação ao HLA, "pela contratação de mais médicos, enfermeiros, auxiliares e outros profissionais de saúde, pela ampliação urgente do serviço de urgência e pelo cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos nas consultas e cirurgias de algumas especialidades".

É o caso, exemplificam, da cardiologia, gastrenterologia, medicina interna, medicina física e de reabilitação, urologia, ortopedia e pediatria.

Em relação às "listas de espera" no HLA, o presidente do conselho de administração da ULSLA indicou que passaram a ser emitidas "credenciais para os utentes poderem ir a locais convencionados", no caso de colonoscopias de rastreio, e que, nos casos "de intervenção", as consultas "são garantidas em menos de 30 dias internamente".

Quanto à especialidade de oftalmologia, Paulo Espiga esclareceu que os "1.600 utentes" estão "em lista de espera" para "primeira consulta e não para cirurgia", assegurando que "não há cirurgia fora do tempo máximo garantido, que é de nove meses" e lembrou que os serviços estão "a recuperar de uma lista de espera de quatro mil utentes".

O presidente da ULSLA reconheceu, contudo, haver "tempos de espera que não estão a ser respeitados" nas especialidades de "urologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia" por falta de especialistas.

Os utentes enumeram ainda as necessidades em termos de equipamentos, infraestruturas e serviços na região abrangida pela ULSLA, defendendo, para Alcácer do Sal, uma Ambulância de Suporte Básico de Vida no Serviço de Urgência Básica do Centro de Saúde, uma Unidade Móvel de Saúde e uma extensão de Saúde em Palma "com condições condignas".

O Serviço de Atendimento Permanente do Centro de Saúde aberto 24 horas por dia em Grândola é também defendido pelos utentes, que pedem serviço de enfermagem na extensão de Saúde de Canal Caveira e novas extensões de saúde em Melides, bem como em Sabóia e em Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira.

Em Santiago do Cacém, os utentes prometem continuar a lutar pela construção de um novo Centro de Saúde, pela reparação da extensão de Saúde de Vila Nova de Santo André, pela ampliação do serviço de urgência do HLA e, no concelho vizinho de Sines, a "abertura imediata" do novo Centro de Saúde da cidade.