“O centro de saúde de Algueirão-Mem Martins continua a ser aquele no concelho de Sintra em que as pessoas se queixam de ter menos médicos de família”, afirmou à Lusa Paula Borges, da CUSCS.

A vigília, que decorreu a partir das 07h30, pretendeu denunciar o “agravamento continuado e deliberado das condições de acesso ao Serviço Nacional de Saúde”, com “cerca de 200 pessoas” à espera em duas filas para marcar consulta, salientou a porta-voz da comissão. “Até abrirem as portas [às 08:00], as pessoas estão debaixo das arcadas dos prédios ao frio e à chuva”, notou Paula Borges.

Segundo a representante, a unidade de saúde, que funciona num prédio de habitação, em Mem Martins, e dos 12 médicos atualmente ao serviço, quatro médicos não estão a dar consultas por estes dias. "A somar aos 11 médicos que, pelas nossas contas estão em falta, percebe-se o número de utentes que ficam nesta freguesia sem acesso a cuidados de saúde primários”, apontou.

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A assessoria de comunicação da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo disse hoje à Lusa que na unidade de Algueirão-Mem Martins, "atendendo ao número de utentes frequentadores sem médico de família, serão necessários mais oito médicos".

Esta unidade de saúde "tem 52.869 utentes inscritos [e], destes, 39.233 são utentes frequentadores", acrescentou a ARS.

Chegar de madrugada para assegurar consulta

Num inquérito aos utentes que se encontravam à espera junto da unidade de saúde, alguns referiram que há quem chegue “às quatro da manhã” para assegurar consulta e “cerca de 90% não tem médico de família”, referiu a porta-voz da CUSCS. “As pessoas consideram em larguíssima maioria que é muito importante a construção de um hospital público em Sintra”, frisou Paula Borges.

A Câmara de Sintra contratualizou com a ARS a construção de cinco centros de saúde, incluindo para Algueirão-Mem Martins, e está a negociar um novo polo hospitalar na zona da Cavaleira (Algueirão). “A situação não se resolve com um polo hospitalar, ou qualquer outra designação que lhe queiram dar, o que Sintra precisa é de um hospital público desenhado e planeado à escala das necessidades de saúde do concelho”, afirmou Paula Borges.

O Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) foi dimensionado para 300 mil utentes e atualmente abrange uma população estimada de cerca de 600 mil habitantes.

De acordo com a ARS, atualmente no concelho de Sintra "existem 354.910 utentes inscritos frequentadores - destes, 278.416 têm médico de família atribuído" - e o agrupamento de centros de saúde (ACES) de Sintra "precisa de mais 39 médicos".

"Atualmente o número de utentes sem médico de família atribuído é de 74.990. No início de 2015 eram cerca de 115.000 utentes sem médico de família atribuído", informou a ARS, acrescentando que, em dois anos, foram atribuídos médico de família "a mais de 40.000 utentes".

A ARS revelou que, desde 2015, "foram admitidos mais 31 novos médicos de família para o concelho de Sintra" e que "o ACES de Sintra tem 50 médicos a fazer o internato de medicina geral e familiar que, na sua grande maioria, quando terminam a especialidade optam por ficar devido ao apoio que é dado à criação de USF [Unidades de Saúde Familiar]".

O projeto de arquitetura para o centro de saúde de Algueirão-Mem Martins foi elaborado pela Câmara de Sintra e o procedimento para a construção "vai ser lançado muito em breve", adiantou a ARS, concluindo que "o processo está a decorrer dentro dos prazos previstos".