Segundo a Comissão de Utentes, para resolver os tempos de espera para cirurgias e exames complementares de diagnóstico, o Centro Hospitalar do Baixo Vouga tem usado como critério poupar os próprios recursos, propondo a utentes cirurgias em Lisboa, Porto ou Coimbra, o que lhes acarreta custos elevados com transportes e estadia, quando havia protocolos com entidades externas ou prestadores de serviços que se situam na zona.

A Comissão de Utentes denuncia ainda que, não tendo o Centro Hospitalar do Baixo Vouga os meios para realizar os exames complementares de diagnóstico de que necessita, há casos de doentes que, para realizar os respetivos exames, têm de viajar para longe, nomeadamente para Almada, Setúbal ou Porto, às suas custas, porque foi retirada a comparticipação do transporte não urgente.

Confrontado com o teor do comunicado da Comissão de Utentes da Saúde de Aveiro, o conselho de administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga diz partilhar “as preocupações com o atendimento eficaz e diferenciado aos doentes”, mas justifica as situações apontadas e nega que o critério seja a poupança de recursos.

Anabela Barcelos, diretora clínica, esclarece que, em relação às cirurgias em Lisboa, Porto ou Coimbra, trata-se de doentes a que não foi possível dar resposta no tempo adequado e por isso recebem um "cheque de cirurgia", mas não é o CHBV quem determina onde podem fazer essas cirurgias.

“É a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) que envia a lista e o utente escolhe o hospital onde será operado, uma vez que não foi operado por nós, mas depois o pós-operatório é sempre feito cá”, disse.

Anabela Barcelos diz que as listas de espera são um problema nacional a que a administração hospitalar é sensível, que no caso de Aveiro tem vindo a melhorar nos últimos anos.

“O nosso objetivo é que deixem de sair doentes do Centro Hospitalar porque isso quer dizer que o doente é operado em tempo útil na região.

Em relação aos exames complementares de diagnóstico, a diretora clínica afirma que no histórico dos serviços não há nenhum registo relacionado com Setúbal e que Almada foi uma situação pontual.

“Houve um exame que era necessário em doentes internados (ultrassonografia transendoscópica) pelo que não corresponde à verdade que se tenham deslocado à sua custa. Foram em ambulância e o transporte foi suportado pelo Hospital”.

A opção tomada é justificada por Anabela Barcelos com a necessidade de uma rápida resposta: “o nosso hospital de referência é Coimbra que tinha esse aparelho avariado, e o Hospital Garcia da Horta foi o hospital que nos respondeu imediatamente, num tempo adequado ao estado do doente, enquanto os outros hospitais não responderam de forma a que ficássemos tranquilos quanto ao tempo que o doente teria de esperar”.