A comissão de utentes reuniu-se esta quarta-feira no Centro de Saúde da Baixa da Banheira com a direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Arco Ribeirinho e com o gabinete de coordenação da unidade de saúde.

"Estamos muito preocupados com a falta de médicos e neste início de 2016 a situação agravou-se. Dois médicos saíram agora e outros dois faltam muitas vezes, causando problemas aos utentes, existindo mais de 12 mil pessoas sem médico de família", disse à Lusa José Fernandes, da comissão. O número apontado difere daquele que é indicado pelo ACES.

O responsável referiu que o Centro de Saúde da Baixa da Banheira funciona num prédio sem as condições necessárias para a prestação de cuidados de saúde, exigindo a construção de um novo equipamento, que já tem um terreno cedido pelo município da Moita.

"A construção do novo centro de saúde é uma prioridade e até facilita na admissão de novos médicos, porque ninguém quer trabalhar num espaço sem condições. Os cuidados de saúde na Baixa da Banheira estão longe de responder às necessidades e deixam muito a desejar", salientou.

Paulo Espiga, diretor do ACES do Arco Ribeirinho, que engloba os concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo, confirmou à Lusa a existência de muitos utentes sem médico de família.

"A UCSP Baixa da Banheira tem 22.042 utentes inscritos utilizadores, sendo que a partir do dia 01 de fevereiro de 2016 vão existir 6.957 utentes sem médico de família, a que acrescem, na prática, 3.050 utentes pertencentes às listas de dois médicos ausentes há bastante tempo por doença e sem data prevista de regresso ao serviço. Nesta unidade existem 5.700 utentes inscritos não utilizadores e que por essa condição não estão integrados em nenhuma lista", afirmou.

O responsável anunciou que a partir do dia 01 de fevereiro vão ser reforçado o número de horas de prestação de serviços médicos através de empresa, de 27 horas semanais para 37 semanais, e que está em análise a possibilidade de reforçar o papel dos enfermeiros na gestão da doença crónica dos utentes sem médico de família.

"No entanto, estes esforços apenas minimizam a situação, não garantindo o nível de serviço que gostaríamos de garantir aos nossos utentes, sendo que não posso deixar de realçar o enorme esforço e colaboração dos médicos que estão ao serviço no sentido de atenderem também utentes sem médico de família", salientou.

A comissão de utentes está também preocupada com a falta de resolução dos problemas na sequência da substituição do diretor do ACES.

"O diretor informou que vai sair, ocupando outro cargo, e, pelo que fomos informados, pelo menos até junho a situação não vai melhorar ao nível da admissão de médicos. Vamos enviar uma nova exposição ao ministro da Saúde a alertar para toda esta situação", disse José Fernandes.

Paulo Espiga confirmou que vai deixar o cargo que desempenha em breve: "A minha saída do cargo de diretor executivo está relacionada com o fim da minha comissão de serviço em 30 de novembro de 2015 e com a perspetiva de iniciar brevemente funções noutra entidade".

O representante dos utentes, que lembrou que existe uma petição em defesa do novo centro de saúde a decorrer para levar o assunto à Assembleia da República, espera também que a nova equipa responsável pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) olhe para o problema com mais atenção.

"A anterior direção da ARS-LVT nem respondia aos nossos pedidos de reunião, por isso esperamos que a situação melhore. Aliás, pior do que acontecia não será de certeza", concluiu.