Tasha Reign é um nome conhecido no mundo dos filmes porno. E por ser uma referência nesta área assumiu uma luta contra a “Proposition 60”, que pretende que os trabalhadores do sexo que entrem em filmes pornográficos sejam obrigados a usar preservativo. Ela assume que está contra e faz campanha por isso.

A estrela de 27 anos não baixa os braços: até à votação da proposta, a 8 de novembro, Tasha Reign vai fazer campanha pelo voto no "Não". A sua arma, além dos panfletos, tem sido a visita a campus universitários onde discursa sobre as razões que a fazem estar contra esta medida e o que deve levar as pessoas a votar contra.

Citada pelo The Guardian, a jovem explica a sua objeção: “eu faço cenas em que não é possível usar-se preservativo”, acrescentando que “não consigo imaginar uma cena de sexo em grupo”, com o uso obrigatório de preservativo.

“Isto não é como no sexo ‘normal’, alguns minutos e acaba”, explica até porque “é muito difícil para um homem conseguir manter uma ereção durante 45 minutos e ter um bom desempenho com o uso do preservativo”.

Mas o que realmente está a irritar Tasha Reign é o facto de “estar a abrir uma porta para que alguém tenha o poder de decidir sobre o meu corpo. Não suporto a ideia de algum homem vir a ditar o que eu posso e não posso fazer”, esclarece.

A “Proposition 60”

A “Proposition 60” parece simples. A ideia é exigir aos atores porno o uso de preservativo durante as filmagens de cenas de sexo, entre outras medidas. Para a atriz trata-se de um atentado contra os direitos humanos, contra a sua liberdade artística e contra a própria Constituição dos Estados Unidos.

Por outro lado, que está a favor da proposta não tem dúvidas que esta tem como principal objetivo proteger a saúde dos atores no seu local de trabalho. Apesar destes fazerem testes regulares de HIV, a realidade é que os mesmos são voluntários e não obrigatórios. Para Michael Weinstein, presidente da Fundação para a Sida, e um dos mentores desta proposta, esta é uma questão de saúde pública.

Em termos de logística, a situação torna-se ainda mais complexa. Na opinião de Tasha Reign, há que pensar em diversos cenários. Como garantir que o mesmo preservativo não é usado em duas mulheres diferentes? Ou o que fazer nessas situações: parar para se trocar de preservativo? E se um preservativo rebentar durante a gravação da cena de sexo?

No entanto, a medida não é de todo consensual. Os partidos e várias associações ligadas ao HIV já se mostraram contra e os principais jornais do estado da Califórnia estão a apelar ao voto no “Não”.

Uso de preservativo: sim ou não?

Esta discussão não é, de todo, nova e a Califórnia, quartel-general na realização de filmes pornográficos, deu o pontapé de saída.

A obrigatoriedade do uso de preservativo na indústria porno, no condado de Los Angeles, conhecida como “Medida B”, foi aprovada em novembro de 2012.

A consequência foi a quebra da produção cinematográfica de filmes porno na região, em cerca de 90%, de 2012 para 2013, e de 50% no ano seguinte.

Houve ainda a deslocação de várias produtoras de filmes pornográficos para outras regiões da Califórnia, como San Diego, ou mesmo para outros Estados, como Nevada ou Flórida.

Com a ameaça da ampliação desta medida a todo o Estado da Califórnia, a indústria porno uniu-se na luta contra a sua aprovação, com vários atores a virem a público e a manifestarem a sua posição.

A pressão surtiu efeito: em fevereiro deste ano, a Administração de Saúde e Segurança no Trabalho na Califórnia rejeitou a implementação destas medidas.

No entanto, graças a uma petição levada a cabo por um grupo de eleitores, a medida vai a votos, no próximo dia 8 de novembro, para que a “Proposition 60” seja avaliada pelos cidadãos da Califórnia.

Em Portugal, este tipo de medidas não se encontram em discussão.