6 de maio de 2014 - 10h41

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) reitera que se mantém uma situação de ruptura nos serviços de urgência básica (SUB) de Vila Real de Santo António, Albufeira e Loulé. O alerta foi feito na segunda-feira. Em comunicado, os enfermeiros dizem que a situação mais grave é vivida em Loulé, onde nos dias 1 e 2 de maio não houve médico.

A direção regional de Faro do SEP explica que “os mapas de pessoal dos SUB prevêem 16 enfermeiros cada. Nenhum tem os 16. Em Loulé, em 2009, trabalhavam 14 e atualmente estão apenas nove”.

“Os ritmos de trabalho agravado pela falta dos restantes profissionais põem em risco a saúde dos enfermeiros e dos doentes”, alerta o SEP cujos representantes se vão reunir na terça-feira com o Ministério da Saúde e no próximo dia 08 de maio com a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARSA).

Na base do problema está um desentendimento entre a ARSA e o Centro Hospitalar Algarvio (CHA) sobre a responsabilidade da gestão das SUB.

À Lusa, o presidente do conselho de administração do CHA, Pedro Nunes, contou que durante a fusão dos hospitais de Faro e do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, o CHA ficou responsável pela SUB de Lagos, mas que as restantes SUB continuaram a ser geridas pela ARSA.

Pedro Nunes disse que a anterior direção da ARSA demonstrou vontade que aqueles serviços fossem assumidos pelo CHA e que o conselho de administração daquele centro hospitalar está disponível desde que à transferência de responsabilidade corresponda também a respectiva transferência orçamental.

Segundo aquele responsável, há quase dois anos, o CHA assinou um protocolo de seis meses com a ARSA, que não foi renovado, em que se comprometia a ajudar na gestão das SUB de Vila Real de Santo António, Loulé e Albufeira até que fosse encontrada solução para a transferência.

“Nós começámos a ajudar a ARSA a encontrar quadros médicos para os SUB, mas ajudar é uma coisa, responsabilizar-se é outra”, prosseguiu adiantando que na próxima semana se irá reunir com a ARS para discutir este assunto.

Há cerca de dois meses, um despacho da secretaria de Estado
autorizou "os médicos cubanos que estão a trabalhar no Algarve a não
fazerem o serviço de urgência", contou Pedro Nunes que na altura terá
avisado a ARSA que sem esses médicos para assegurar os turnos durante o
dia, seria necessário recorrer aos médicos de família porque através dos
médicos do CHA "não seria possível garantir todos os turnos".

Contactada
pela Lusa, a ARSA remeteu para o comunicado emitido na passada semana
onde informava que foram tomadas diligências para colmatar as faltas de
profissionais identificadas e que está disponível para contribuir para a
resolução de falta pontual de elementos médicos escalados.

Nesse
comunicado, a ARSA afirma que “a gestão do sistema de urgência e
emergência, a sua organização e escalas dos profissionais dos SUB, é da
responsabilidade do Centro Hospitalar do Algarve, EPE que,
obrigatoriamente, tem de assegurar a prestação de serviços e atendimento
24 horas por dia nos SUB de Vila Real de Santo António, Loulé e
Albufeira, à semelhança do que acontece no SUB de Lagos”.

O
Sindicato dos Enfermeiros pretende reunir-se com a Região de Turismo do
Algarve "já que pondera denunciar esta situação internacionalmente".

Por Lusa