Ângelo Guedes, presidente da Associação para o Desenvolvimento de Figueira, disse hoje à Lusa que a unidade, completamente equipada e pronta a funcionar, continua fechada desde que terminou a construção, em julho daquele ano, apesar de haver 52 utentes em lista de espera.

"Que país é este onde os recursos para a população são negligenciados desta forma e onde as promessas não são cumpridas?", questiona.

Segundo frisou, trata-se de um investimento global de 1,351 milhões de euros, que implicou um esforço financeiro da instituição de cerca de 400.000 euros e foi comparticipada por fundos europeus em 946.000 euros.

O dirigente queixa-se que o atual Governo "não liga nenhuma ao assunto", apesar de ter sido informado da situação, incluindo com uma carta enviada diretamente ao ministro da tutela.

Do anterior executivo, lamentou-se, também não se conseguiu a autorização de abertura, apesar de as promessas terem transitado anos após ano.

Além disso, exclamou, houve outras unidades construídas no país posteriormente que já obtiveram autorização para abrir.

Apesar de haver uma extensa lista de espera, a associação queixa-se, por outro lado, que está a pagar juros ao banco pelos 400.000 euros que teve de assumir do investimento, para além de outros encargos com a manutenção da unidade de cuidados continuados. Acresce que a última fatia da comparticipação, no valor de 97.000 euros, ainda não foi paga à associação, porque depende da atribuição do alvará de utilização.

"A única coisa que pedimos é que seja emitido o alvará de funcionamento. Não queremos mais nada", vincou.

Ângelo Guedes disse que, nesta fase, até nem está em causa a comparticipação que o Estado costuma atribuir às instituições por cada utente dos cuidados continuados.

O dirigente defendeu, a propósito, haver condições para o equipamento funcionar sem a comparticipação da tutela.

"Até pode funcionar como privado", concluiu.

A Associação para o Desenvolvimento de Figueira, freguesia a cerca de oito quilómetros da sede do concelho, tem cerca 60 funcionários e presta serviços em várias valências sociais, como centro de dia (25 utentes), apoio domiciliário (25 utentes) casa de abrigo (45 utentes) e lar (36 utentes).