12 de fevereiro de 2014 - 08h23

Uma em cada 14 mulheres já foi, pelo menos uma vez, vítima de abuso sexual por parte de alguém que não o seu parceiro, revela um estudo realizado em 56 países e hoje publicado na revista The Lancet.

A estimativa sugere que a situação varia muito de país para país, com a taxa de mulheres vítimas de abusos a atingir 20% na região central da África subsaariana, mas em média 7,2% das mulheres com 15 anos ou mais afirmam ter sido atacadas sexualmente pelo menos uma vez na vida.

“Descobrimos que a violência sexual é uma experiência comum para as mulheres em todo o mundo, e em algumas regiões é endémica, atingindo mais de 15% em quatro regiões. No entanto, as variações regionais precisam de ser interpretadas com cautela devido às diferenças na disponibilidade dos dados e nos níveis de denúncia”, explicou Naeemah Abrahams, do Conselho de Investigação Médica da África do Sul, que liderou o trabalho com colegas da Escola de Higiene e Medicina tropical de Londres e com a Organização Mundial de saúde.

Após procurar estudos publicados ao longo de 13 anos (1998–2011) com dados sobre a prevalência global de violência sexual, os cientistas identificaram 77 estudos válidos, recolhendo dados sobre 412 estimativas em 56 países.


Países muçulmanos com valores mais baixos

Os resultados mostram que as mais altas taxas de violência sexual surgem no centro da África subsaariana (21% na República Democrática do Congo), no sul da mesma região (17,4% na Namíbia, África do Sul e Zimbabué), e na Oceânia (16,4% na Nova Zelândia e Austrália).

Os países do Norte de África e Médio Oriente (4,5% na Turquia) e no sul da Ásia (3,3% na Índia e Bangladesh) registaram as taxas mais baixas.

Na Europa, os países de Leste (6,9% na Lituânia, Ucrânia e Azerbaijão) registaram uma prevalência muito mais baixa do que os do centro (10,7% na República Checa, Polónia, Sérvia e Montenegro e no Kosovo) e do que os do ocidente (11,5% na Suíça, Espanha, Suécia, Reino Unido, Dinamarca, Finlândia e Alemanha).

Os autores sublinham que estes dados deverão subestimar a verdadeira magnitude do problema por causa do estigma e da culpa associada à violência sexual, que leva as vítimas a não denunciar e prejudica a qualidade dos dados usados.

SAPO Saúde com Lusa