3 de julho de 2013 - 15h15

Uma boa noite de sono, combinada com os quatro hábitos de vida
saudável, diminui em 65% o risco de doença cardiovascular (DCV) e em 83%
o de eventos cardíacos súbitos, segundo um estudo publicado hoje.

“Se
todos os participantes aderirem a todos os cinco hábitos de estilo de
vida saudável, 36% da doença cardiovascular composta e 57% de DCV fatal
podem, teoricamente, ser evitados ou adiados”, relatam os
investigadores.

“O impacto público de uma duração suficiente do
sono, em adição aos tradicionais fatores de uma vida saudável, pode ser
substancial”, acrescentaram.

O estudo, hoje publicado no Jornal
Europeu de Cardiologia Preventiva, é o primeiro a investigar até que
ponto a duração do sono está associada às doenças cardiovasculares.

O
Projeto de Monitorização de Fatores de Risco para Doenças Crónicas
(MORGEN) é um estudo prospetivo de grupo feito na Holanda com 6.672
homens e 7.967 mulheres com idades entre os 20 e os 65 anos, livres de
doenças cardiovasculares e acompanhados durante doze anos.

Os
detalhes da atividade física regular, da dieta, do consumo de álcool, do
tabagismo e do sono foram registados entre 1993 e 1997 e os sujeitos
foram seguidos depois através do hospital e dos registos de mortalidade.

Como esperado, os resultados mostraram que a adesão a cada um
dos quatro fatores de estilo de vida tradicionais – dieta saudável,
atividade física regular, consumo moderado de álcool e não fumar -
reduziu o risco de doença cardiovascular.

No entanto, a suficiente
duração do sono reduziu, por si só, o risco de DCV em 22% e de DCV
súbita em 43%, quando comparada com aqueles que têm sono insuficiente.

As
vantagens foram ainda maiores quando foram seguidos todos os cinco
fatores de estilo de vida saudável, resultando numa redução de 65% do
risco de DCV e de 83% do de DCV súbita.

Os investigadores referem
que a duração do sono de má qualidade foi proposto como fator de risco
independente para as doenças cardiovasculares em outros dois estudos
(não-europeus), mas sem adicionar os efeitos do sono a outros benefícios
de hábitos de vida saudável.

Este estudo sugere que quando um
sono suficiente é acrescentado aos hábitos de vida saudável tradicionais
o risco de DCV é ainda mais reduzido.

Como explicação para os
resultados obtidos, os investigadores notam que uma curta duração do
sono tem sido associada a uma maior incidência de excesso de peso,
obesidade e hipertensão, e a maiores níveis de pressão arterial,
colesterol total, hemoglobina A e triglicéridos, efeitos “consistentes
com a hipótese de que um sono curto está diretamente associado ao risco
de doenças cardiovasculares”.

A investigadora principal do
estudo, Monique Verschuren, do Instituto Nacional de Saúde Pública e
Ambiente da Holanda, disse que a importância do sono suficiente “deve
agora ser mencionada como um meio adicional para reduzir o risco de
doença cardiovascular”.

Monique Verschuren revelou que sete horas é
o tempo médio de sono e que “é provável que seja suficiente para a
maioria das pessoas”.

Um estudo anterior dos mesmos
investigadores, que incluía informação sobre a qualidade do sono,
revelou que aqueles que dormiam menos de sete horas e se levantavam de
manhã cansados tinham um risco 63% maior de doenças cardiovasculares do
que aqueles que dormiam o suficiente.

Lusa