O estudo, intitulado "Custo da fome em África", refere ainda que 42,7% das crianças em Moçambique têm baixo crescimento e apenas 45,2% das que registam índices de desnutrição recebem cuidados de saúde adequados. "A maioria dos problemas de saúde associados à desnutrição ocorre antes que a criança atinja três anos de idade", lê-se no estudo, cujo sumário foi distribuído à imprensa.

A mortalidade infantil associada à desnutrição reduziu a força de trabalho de Moçambique em 10% e 60,2% da população adulta já sofreu de problemas de crescimento, quando era criança, diz.

Os custos anuais associados à desnutrição infantil, prossegue o documento, são estimados em 1,6 mil milhões (1,4 mil milhões de euros), o que equivale a 10,96% do Produto Interno Bruto. "As crianças afetadas por problemas de crescimento são mais propensas a abandonar a escola. Estima-se que apenas 12% dos adultos afetados em Moçambique completaram a escola primária, em comparação com 84% de pessoas com crescimento normal", destaca o estudo.

A avaliação refere que um quarto da população do país é desnutrida, apesar de, em 2015, Moçambique ter atingido o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio de reduzir para metade o número de pessoas com fome.

Veja ainda: Nascer-se albino em África é viver-se com medo

Por outro lado, cerca de um quarto da população sofre de insegurança alimentar crónica, o que significa que não sabe se terá uma refeição. "Apesar dos ganhos que foram feitos, permanecem desafios significativos para a segurança alimentar e nutricional", realça o texto.

De acordo com o PAM, as taxas de desnutrição são persistentemente altas entre as crianças, devido aos elevados índices de doenças infecciosas, principalmente malária, e ao mau acesso aos serviços de saúde, água e saneamento.