“Num levantamento estatístico feito em Portugal há alguns anos, havia uma relação de varizes na mulher quatro vezes superior ao homem. Estes, talvez porque pensem que estão imunes ou porque esteticamente podem contornar o problema com umas calças, sofrem de sintomatologia durante anos, recorrendo ao médico nas formas avançadas de doença que terminam normalmente em intervenção cirúrgica”, afirma Pereira Albino, coordenador da Unidade de Cirurgia Vascular do Hospital Lusíadas Lisboa.

"As varizes mais frequentes são as de origem primária, ou seja as que estão relacionadas com fatores hereditários a que se associam outros fatores nomeadamente hormonais que estão na origem de a mulher ser mais afetada por esta patologia. Contudo existem varizes secundárias, normalmente associadas a tromboses venosas profundas, sendo o seu diagnóstico e tratamento normalmente mais complicados”, explica o cirurgião vascular.

Lesões de desporto

No entanto, alerta Pereira Albino, "o desenvolvimento das varizes ao longo da vida é influenciado por fatores que podem e devem ser controlados, como por exemplo o peso, o sedentarismo, a exposição ao calor, a traumatismos de repetição, comuns em desportos como o ténis ou o andebol e o transporte ou exercício com pesos, como é o caso do halterofilismo"

"Nos homens, como o tipo de varizes mais frequentes são as tronculares (grossas, palpáveis e visíveis), o seu tratamento implica uma cirurgia. Contudo, hoje em dia a maioria das cirurgias de varizes são feitas em ambulatório (o doente permanece no Hospital unicamente quatro a seis horas), com anestesia local ou com anestesias muito ligeiras, praticamente com micro incisões e utilizando cateteres de laser ou de radiofrequência. As veias colaterais são muitas vezes tratadas só com um tipo de secagem especial, esclerose ecoguiada com espuma, que permite sobretudo nos homens resultados muito satisfatórios”, revela.

De acordo com o especialista “a grande vantagem destas novas técnicas (que estão aceites como primeira opção internacional no tratamento desta doença), sobre as anteriores, em que a veia era extirpada e as colaterais retiradas, está no pós-operatório, com menor incapacidade, podendo o doente ao fim de cinco a oito dias recuperar completamente a sua atividade profissional e na menor recorrência de varizes”.

“Hoje em dia esta área tem tido um desenvolvimento muito marcado e começam a aparecer métodos que unicamente com anestesia local conseguem resolver a maioria das situações o que é um avanço terapêutico muito significativo em relação ao que acontecia há alguns anos atrás”, acrescenta.

“As varizes são uma doença crónica dado que a espécie humana não tem os membros inferiores protegidos para o facto de andar em pé. Assim, a recorrência de varizes após qualquer tratamento, é um fenómeno que hoje em dia se sabe que tem de ser controlado, com contenção elástica e sobretudo com esclerose de varizes, que deve ser realizada de forma periódica”.

“Beber água, não permanecer muito tempo sentado ou de pé, praticar exercício físico moderado, do qual sobressai a natação ou a hidroginástica, e evitar apanhar sol direto na praia” são alguns dos conselhos deixados pelo médico que podem ajudar a prevenir e evitar o agravamento das varizes.

“As complicações da doença venosa nomeadamente as tromboflebites, eczemas, dermatites e as úlceras de perna só podem ser evitadas com um diagnóstico precoce, normalmente realizado através de um estudo por ecodoppler e por um tratamento adequado que é selecionado para cada doente conforme a gravidade da situação em causa”.

“Chamar por último a atenção que a rotura de varizes, que é uma situação rara e que sobretudo tem tendência a ocorrer em doentes idosos, pode ter uma gravidade muito grande. Por este motivo e nestas faixas etárias, as metodologias de tratamento atualmente existentes têm um interesse muito acentuado dada a sua grande tolerância”, conclui Pereira Albino.