O balanço foi feito hoje à Lusa pelo diretor clínico do hospital, Carlos Rabaçal, explicando que a morte da doente se deu cerca de 90 minutos após ter sido internada. Dos 36 casos clínicos na enfermaria, a grande maioria “está a evoluir bem e já houve uma alta hospitalar”, disse.

Carlos Rabaçal falava à Lusa no âmbito de uma visita ao local do ministro da Saúde, Paulo Macedo, quando um surto de legionella verificado em freguesias de Vila Franca já provocou cinco mortos, havendo 233 casos de infeção.

De acordo com o responsável, os serviços de urgência estão relativamente tranquilos, até porque há outros hospitais para onde há doentes que estão a ser encaminhados, além de que o hospital de Vila Franca está também “mais apoiado”.

Durante a visita do ministro, responsáveis médicos e enfermeiros disseram que os profissionais do hospital mostraram muita disponibilidade e que até alguns que estavam de férias se disponibilizaram para as interromper.

José Barata, diretor dos serviços de infeciologia do hospital, admitiu à Lusa que até ao fim da semana outros doentes possam ter alta.

Vitor Gomes, 56 anos, é de Vialonga e deu entrada no hospital na quinta-feira da semana passada, com tosse e febres altas. Hoje, como disse à Lusa, sente-se muito melhor “e com mais forças”.

“Estive dois dias em casa, a ver se passava, depois vim para o hospital e ao fim de uma ou duas horas disseram que eu tinha de ficar internado”, contou, ao lado de outro doente também infetado com a bactéria, igualmente de Vialonga.

De acordo com os dois diretores os primeiros doentes surgiram de quarta para quinta-feira da semana passada e na quinta-feira a situação “foi explosiva”. E as cinco mortes não os surpreenderam porque se tratou de pessoas que já tinham outras complicações de saúde.

Paulo Macedo disse-lhes que foi da parte deles “muito positiva” a abordagem perante a epidemia, de tranquilizar as pessoas, e enalteceu a resposta “eficaz” ao grande número de casos.

O presidente da Câmara de Vila Franca, Alberto Mesquita, que também acompanhou a visita do ministro, disse à Lusa que a autarquia está a analisar todas as situações e que episódios de legionella acontecem todos os anos mas não como a dimensão do atual, e defendeu que se mude a legislação na área ambiental, para que haja maior controlo sobre as unidades industriais.

Na tarde de hoje o diretor-geral da Saúde, Francisco George, visitou a seu pedido uma dessas unidades (Adubos de Portugal) e reuniu-se com os trabalhadores, explicando-lhe o que é e como se transmite a bactéria legionella.

Na unidade, disse João Paulo Cabral, administrador, “meia dúzia” de pessoas foi infetada e por isso a fábrica parou totalmente, aguardando pelos resultados das análises, que devem de estar prontos na terça-feira, disse aos jornalistas.

Antes Francisco George já tinha dito a mais de 100 trabalhadores, reunidos no refeitório, que a bactéria se transmite através de gotas de água e que houve casos de legionella em locais como Coimbra, Porto ou Castelo Branco mas que todos tinham alguma relação com o triângulo constituído pelas freguesias de Vialonga, Santa Iria da Azóia e Forte da Casa.

E que não se sabe a origem da epidemia, que se pode beber água da torneira, que está muita gente a trabalhar para resolver o problema. “Estamos muito preocupados. Não dizemos que isto não é nada”, disse aos presentes. E disse-lhes também que se morasse na zona faria a “vida normal” mas que ia evitar “água sob pressão”.