Ir ao supermercado comprar tampões ou pensos higiénicos é um ato banal na vida de uma mulher. Algo que normalmente demora 30 minutos, demorou 3 horas para Sophia Grinvalds. A americana, que durante cinco meses trabalhou numa vila remota do Uganda, deparou-se com uma realidade dura de acreditar: o difícil acesso a produtos de higiene femininos, como é o caso de pensos higiénicos e tampões.

Após questionar alguns dos locais sobre esta situação, fez uma descoberta impressionante: devido à escassez de produtos de higiene feminina, centenas de meninas deixavam de poder ir à escola, trabalhar e desempenhar as suas tarefas domésticas.

De acordo com Sophia Grinvalds, em países como o Uganda a menstruação “funciona mais como uma barreira que impede a participação na vida diária, do que como uma experiência psicológica diária”. Em 2010, decidida a combater esta situação, fundou com o marido a AFRIpads, uma organização que se destina à produção e distribuição de produtos de higiene femininos reutilizáveis. Fornecer informação sobre o fenómeno da menstruação e a puberdade é outro dos objetivos da AFRIpads, ajudando a desfazer mitos e ideias erradas sobre o tema.

“Eu não queria correr o risco de menstruar quando estava na escola. Seria muito embaraçoso”, conta a etíope Amet, que é uma das 750 mil raparigas que a AFRIpads ajudou. “O acesso [a estes pensos] tornou a minha vida muito mais fácil”, remata.

Este projeto tem como objetivo realçar a importância da educação na vida das mulheres, fornecendo-lhes os bens necessários a que não abandonem os estudos. Mas a escassez e falta de acesso a produtos de higiene feminina são apenas uma das faces da moeda.

De acordo com um estudo da UNICEF, uma em cada 10 raparigas africanas desiste dos estudos devido à falta destes produtos e à falta de instalações sanitárias adequadas nas unidades escolares. Serra Leoa, Afeganistão, Nepal ou Bolívia são outros países afetados por esta realidade.

“É uma coisa tão básica. Toda a gente tem o período. Nós não conseguimos imaginar o quão difícil é para estas raparigas”, diz Helen Walker, responsável de comunicação da AFRIpads.

É incrível pensar como o acesso a produtos de higiene pode mudar a vida de uma mulher.