27 de março de 2014 - 10h22
O responsável do Health Cluster Portugal defendeu hoje que o turismo de saúde é uma oportunidade de negócio, sem necessidade de investimentos adicionais, pois o país tem oferta excedentária de equipamentos, infraestruturas e profissionais, faltando apenas apostar na promoção.
O diretor executivo do Health Cluster Portugal (HCP), Joaquim Cunha, disse hoje à agência Lusa que, "de facto, há um potencial e não precisa de investimento, ou seja, os hospitais que [o país] tem chegam e neste momento, quer da parte pública quer da privada, há uma oferta excedentária".
Para Joaquim Cunha, Portugal tem mais unidades de saúde, aparelhos e recursos humanos do que necessita, situação que relacionou com a evolução demográfica, a estagnação da população e com o facto de alguns investimentos terem sido projetados e iniciados numa altura em que a economia estava a crescer e já não foi possível alterar a sua concretização.
O turismo de saúde, com um desenvolvimento recente, junta a visita, normalmente a outro país, com o objetivo de realizar tratamentos médicos, com maior destaque nas áreas dentária, estética, ortopédica e das fertilizações.
Com um clima ameno e produtos turísticos variados, da praia à cultura, história ou gastronomia, o destino Portugal tem recebido distinções no estrangeiro, uma vantagem a que pode juntar-se, segundo o HCP, a qualidade dos serviços médicos.
No entanto, "precisamos de investir sobretudo na promoção" do país, salientou Joaquim Cunha.
"Temos histórias de sucesso, uma é o Sistema Nacional de Saúde [SNS], a parte pública e privada", defendeu o responsável.
Para o HCP, o SNS "compara bem com outros [sistemas] a nível internacional, mas os outros [países] não sabem. A imagem que um alemão tem do nosso SNS não corresponde à sua qualidade, o que não é verdade junto dos médicos, pois convivem em congressos internacionais e conhecem-se".
A falta de conhecimento da forma como funciona o SNS leva a um "défice de reputação" de Portugal nesta área, o que "tem de ser trabalhado", frisou Joaquim Cunha.

O diretor executivo do HCP faz questão de explicar que não se trata de uma imagem negativa do sistema de saúde, mas sim de uma "má imagem de Portugal e dos países do sul" da Europa.
Os jovens médicos e enfermeiros que acabam por emigrar e ir trabalhar para outros países têm um papel "importantíssimo" na construção dessa reputação e estes profissionais "são muito bem formados".
"Temos de ter uma estratégia de nos promovermos internacionalmente, onde fará sentido utilizar os nossos ativos", resumiu Joaquim Cunha.
Lusa