28 de fevereiro de 2014 - 06h51

Um tumor cerebral raro causou o crescimento de dentes no cérebro de um rapaz de quatro anos nos Estados Unidos, um caso inédito hoje revelado num relatório do New England Journal of Medicine.

Após ter sido removido o tumor, o rapaz, que tem um "inédito craniofaringioma", ficou bem de saúde e os médicos afirmam que este caso lança luz sobre a forma como estes tipos de tumores raros se desenvolvem, refere a publicação Live Science, que cita o relatório. 

Os médicos começaram a suspeitar que algo podia estar errado com o menor quando notaram que a sua cabeça parecia estar a crescer mais rapidamente do que é normal para alguém daquela faixa etária. 

"A varredura do cérebro revelou um tumor que contém estruturas que pareciam muito semelhantes aos dentes normalmente encontrados no maxilar inferior.

Remoção do tumor

A criança passou por uma cirurgia no cérebro para remover o tumor, durante a qual os médicos constataram que o tumor continha vários dentes totalmente formados, de acordo com o relatório", refere a Live Science, uma publicação 'online' especializada. 

O neurocirurgião Narlin Beaty, da Universidade de Maryland Medical Center, que realizou a cirurgia juntamente com o seu colega do Centro de Johns Hopkins Children, Edward Ahn, disse à Live Science que os pesquisadores sempre suspeitaram que estes tumores se formam a partir das mesmas células encontradas no desenvolvimento de dentes, mas, até agora, os médicos nunca tinham visto dentes reais nestes tumores. 

"Não é todos os dias que se vêem dentes em algum tipo de tumor no cérebro. Um craniofaringioma, é inédito", resumiu Narlin Beaty, assinalando que o caso do rapaz de quatro anos fornece mais evidências de que, de fato, o craniofaringioma se desenvolve a partir de células que formam os dentes.

De acordo com o Instituto do Cancro do Estado norte-americano de
Marilândia, estes tumores são diagnosticados mais frequentemente em
crianças com idades entre cinco e 14 anos, mas são raros os casos em
crianças menores de dois anos.  

Narlin Beaty lembrou que
anteriormente foram encontrados dentes em cérebros, especialmente em
tumores conhecidos como teratoma, uma massa tumoral formada por uma
grande diversidade de células e tecidos estranhos à região onde estão
localizados. 

No caso do rapaz de Maryland, o tumor destruiu
as conexões normais no cérebro que permitem que certas hormonas possam
ser libertadas, pelo que o menor vai precisar de receber tratamentos
hormonais para o resto da vida para substituir essas hormonas, disse o
neurocirurgião. 

Os dentes foram enviados para um patologista
para um estudo mais aprofundado, como acontece normalmente com este tipo
de amostras de tecido, guardadas durante anos para investigação.

Lusa