“Dos 13 internadas em isolamento, dois têm quadros infecciosos, mas são doentes submetidos a cirurgias, que têm drenos e que, por isso, são mais vulneráveis. Têm dispositivos invasivos que favorecem a permanência da bactéria e o desenvolvimento de infeção. Por prevenção, classificamos como estando infetados com a bactéria”, afirmou.

Segundo a especialista, trata-se de uma bactéria presente na flora intestinal, que “desenvolveu ou recebeu um gene que lhe dá a capacidade de produzir uma enzima” resistente aos antibióticos.

“Torna-se preocupante quando passa para pessoas doentes, imunodeprimidas, com múltiplas comorbilidades. Dado que é resistente, tem uma alta taxa de mortalidade porque não temos sistemas de antibióticos adequados e eficazes para conseguir controlar a situação”, explicou.

Em declarações aos jornalistas, Margarida Mota sublinhou que, neste momento, “o risco de contágio baixou muito porque os doentes estão em regime de isolamento e estão a ser feitos rastreios a todos os contactos e aos doentes que tiveram contactos com infetados”.

“Estão sob medidas de vigilância até termos os resultados do rastreio. Todos os doentes que tiveram contacto com estes doentes são rastreados. É natural que para a semana possamos ter um número superior, mas porque os procuramos”, acrescentou.

Rastreios em curso

De acordo com Margarida Mota, até este momento foram rastreados 44 doentes e estão em curso mais quatro rastreios, que vão no segundo dia. O rastreio é feito com colheitas de três dias.

A responsável garantiu que estão criadas todas as condições para prevenir novos casos, quer ao nível de locais de isolamento, equipamento de proteção individual e formação os profissionais.

O Hospital de Gaia garantiu que não há, neste momento, nos seus cuidados intensivos doentes infetados com a bactéria, identificada em agosto naquela unidade.

Do total de pessoas infetadas, oito acabaram por morrer.

Anteriormente, em comunicado enviado à Lusa, Margarida Mota tinha referido a ocorrência de oito óbitos.

Contudo, considerou que "a causa dos mesmos não pode ser atribuída diretamente a esta infeção dada a complexidade e gravidade dos quadros clínicos de base (situações oncológicas e de elevada comorbilidade)”.

Esta situação de infeção pela bateria Klebsiella Pneumoniae foi detetada a 07 de agosto.

No comunicado, Margarida Mota referia que “todos os doentes internados que se encontram sinalizados encontram-se em regime de isolamento em unidade individual ou coorte em enfermaria”.

De acordo com a responsável, após identificação do primeiro caso foi reforçada a capacidade do Laboratório de Microbiologia, nomeadamente através da aquisição de métodos específicos de identificação da bactéria (Biologia Molecular), do reforço da equipa nos turnos de fim de semana para resultados mais rápidos e procedeu-se à implementação de protocolo de rastreio de contactos.

Margarida Mota diz ainda que, entre outras medidas, se procedeu à notificação de estirpes à Direção Geral de Saúde (DGS) e iniciou-se o processo de análise do genótipo das unidades isoladas.

Sobre o risco de contágio para profissionais de saúde e outros doentes, a responsável refere que “segundo vários estudos publicados sobre o risco ocupacional verifica-se que o mesmo é pouco significativo a nulo, desde que asseguradas as medidas de precauções básicas”.

Refere ainda que atualmente encontra-se em curso “a análise dos genótipos dos isolamentos efetuados”.

“Com base na análise dos dados atualmente existente, o caso índex terá sido um doente do foro cirúrgico, com complicações pós-operatórios e com necessidade de vários esquemas de antibioterapia. A presença de ferida exsudativa potenciou as vias de transmissão”, acrescentou.