23 de outubro de 2013 - 13h45

Mais de oito milhões de pessoas terão adoecido com tuberculose em 2012, mas três milhões ficaram fora dos sistemas de saúde, problema que se agrava no caso da tuberculose multirresistente, com apenas um em cada cinco casos detetados.  

O alerta é da Organização Mundial de Saúde (OMS), que hoje divulga o seu relatório anual sobre a tuberculose a nível mundial. 

No documento, a agência da ONU para a saúde reconhece que 56 milhões de pessoas foram tratadas com êxito desde 1995 e 22 milhões de vidas foram salvas no mesmo período.  

O número de novos casos tem vindo a cair, o que permitiu alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) neste critério, e a taxa de mortalidade associada à tuberculose caiu 45% desde 1990, pelo que é possível alcançar os 50% previstos nos ODM. 

No entanto, dos 8,6 milhões de novos casos estimados em 2012, apenas 5,7 milhões foram notificados aos programas nacionais de tuberculose, o que deixa uma em cada três pessoas doentes fora dos sistemas de saúde em todo o mundo, seja porque não foram diagnosticadas, seja porque foram diagnosticadas, mas não registadas. 

O relatório alerta também que o número de pessoas diagnosticadas com tuberculose multirresistente, a forma da doença que resiste aos antibióticos, quase duplicou desde 2011, alcançando 94 mil em todo o mundo em 2012. 

Só em 2012, 450 mil pessoas adoeceram com a forma resistente da doença.

No entanto, sublinha a organização, menos de uma em cada cinco pessoas que se estima terem aquela forma da doença foi detetada a nível mundial.

20% dos casos é de tuberculose multirresistente,

Segundo a OMS, 3,6% dos novos casos surgidos em 2012 e 20% dos casos preexistentes tinham tuberculose multirresistente, o que se explica com a reduzida taxa de tratamento: Apenas 48% das pessoas que tinham tuberculose multirresistente em 2010 foram tratadas com sucesso, enquanto a taxa de tratamento de todos os novos casos de tuberculose foi de 87% em 2012. 

No seu relatório, a OMS identifica cinco ações prioritárias, que incluem chegar aos casos que estão fora dos sistemas de saúde e abordar a tuberculose multirresistente como uma crise de saúde pública, mas também acelerar a resposta aos casos de tuberculose associada ao VIH, já que menos de 60% das pessoas com as duas doenças estavam a receber antirretrovirais. 

A OMS apela também ao aumento dos financiamentos, sublinhando que só estão garantidos seis dos sete a oito mil milhões de dólares anuais que se estima serem necessários para o combate à doença nos países de baixo e médio rendimento até 2015.  

"São necessários aumentos, tanto no financiamento doméstico, como no financiamento internacional, para fechar a lacuna de dois mil milhões de dólares anuais em falta", escreve a OMS no relatório, que apela ainda a uma rápida adoção de novos meios de diagnóstico, medicamentos e vacinas.

A tuberculose é uma doença infeciosa causada por uma bactéria e afeta normalmente os pulmões, mas também pode afetar outros órgãos. A doença transmite-se pelo ar quando os doentes afetados com a tuberculose pulmonar expelem a bactéria através da tosse, por exemplo. 

Embora seja reduzida a proporção de pessoas infetadas com a bactéria que desenvolvem a doença, a probabilidade aumenta muito quando se trata de pessoas infetadas com o VIH. 

Sem tratamento, as taxas de mortalidade são elevadas, mas a taxa de sucesso dos tratamentos foi, em 2010, de entre 85% e 87%.  

SAPO Saúde com Lusa