“As palestras giram, a diversos níveis, em torno de uma narrativa comum que interroga o destino das células, dos tecidos, dos órgãos – e as suas interações, da nascença à morte e da saúde à doença” afirmam os organizadores científicos do certame em comunicado. “À semelhança das anteriores edições do simpósio, a nossa intenção foi reunir um conjunto de oradores que representam o trabalho entusiasmante que está a ser feito [nestas áreas] em todo o mundo”.

Até aqui, o Simpósio Champalimaud era dedicado às neurociências. Mas este ano a fórmula muda para marcar o lançamento do Programa Champalimaud de Investigação em Biologia dos Sistemas e Metástases. Este novo programa vem enriquecer a investigação que se faz no Centro Champalimaud, fundindo-se com o inicial Programa de Neurociências (que, aliás, celebra este ano o seu décimo aniversário) sob uma única denominação: Centro de Investigação Champalimaud (Champalimaud Research).

Atualmente, são quatro os grupos de cientistas que fazem parte do novo programa, liderados respetivamente por Bruno Costa-Silva (Laboratório de Oncologia dos Sistemas), Crista Rhiner (Laboratório de Células Estaminais e Regeneração), Eduardo Moreno (Laboratório de Fitness Celular) e Henrique Veiga-Fernandes (Laboratório de Imunofisiologia).

O simpósio contará com a presença de 26 oradores, vindos de nove países (Áustria, Espanha, Estados Unidos, França, Israel, Japão, Portugal, Reino Unido e Suíça), que trabalham nas áreas da fisiologia do desenvolvimento, envelhecimento, imunidade e cancro, visando estabelecer a ponte entre a investigação fundamental de ponta em biologia e o estudo de doenças humanas.

A conferência inaugural será proferida pelo geneticista norte-americano Bob Horvitz, do Massachusetts Institute of Technology, e intitula-se “Controlo genético da morte celular programada no desenvolvimento animal e nas doenças humanas” Genetic control of programmed cell death in animal development and human disease”).

Horvitz recebeu o Prémio Nobel de Medicina, em 2002, juntamente com os britânicos Sydney Brenner e John Sulston, com quem trabalhara no Laboratório de Biologia Molecular em Cambridge, “pelas suas descobertas sobre a regulação genética do desenvolvimento dos órgãos e da morte celular programada”, como declarou na altura o Comité Nobel.

Em situações normais, os organismos controlam o número de células que os compõem ao longo da vida, mantendo o equilíbrio entre as células que vão nascendo e as que vão morrendo. Como é fácil perceber, quando isso corre mal surgem diversas doenças e em particular cancros. Como é que este processo, que envolve uma vertente de “morte celular programada”, é controlado? Em 1986, Horvitz identificou, no verme Caenorhabditis elegans, os primeiros “genes da morte”, necessários para garantir que as células que devem morrer o façam em tempo e hora.