“A cada ano o número de novos casos graves é de 6.000, sendo que 600 pessoas morrem em fase de coma”, adianta a associação, informando que nos últimos 20 anos foram registados 275 mil casos.

Para alertar para esta problemática, a associação, que apoia traumatizados crânio encefálicos e as suas famílias, promove na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, uma mesa redonda que reunirá organizações de saúde e instituições.

O objetivo "é discutir o caminho a percorrer, no apoio diário às vitimas e cuidadores”, avaliar o trabalho desenvolvido e “a eficácia dos serviços prestados e as lacunas existentes, tendo em conta os mais de 200.000 jovens adultos a viver hoje com sequelas graves”, refere a associação que apoia traumatizados crânio encefálicos e as suas famílias.

Existem dois tipos de vítimas: pessoas com idades entre os 25 e os 50 anos, que são sobretudo vítimas de acidentes, e os mais velhos, que são vítimas de quedas. A maioria dos doentes que sobrevive recupera a consciência e apenas um a dois por cento ficam em coma permanente.

“São pessoas que depois de um grande acidente sofrem um traumatismo e ficam com sequelas e definição de deficientes, mas na verdade são pessoas que se sentem com todas as suas capacidades”, disse à agência Lusa a diretora executiva da Novamente, Vera Bonvalot.

Vera Bonvalot explicou que as pessoas se lembram de como eram antes do acidente e “pensam bem as coisas". Poderão, no entanto, "não conseguir falá-las e transmiti-las bem” e andar “um bocadinho desequilibradas por o cérebro não comandar bem a marcha”.

“Cada traumatismo de crânio grave é um caso diferente por causa da zona que é afetada e do grau da sequela”, explicou a responsável.

Com a ajuda de parceiros, a Novamente criou alguns serviços para apoiar estas vítimas, mas percebeu que as “entidades com decisão tinham que conhecer números, dados e participar” na procura de soluções com a associação.

“Descobrimos ao longo do processo que as decisões de qualquer entidade, como a Direção-Geral da Saúde, o Instituto Nacional de Reabilitação (INR) ou o Instituto de Emprego” devem ser tomadas em conjunto, caso contrário “corre-se o risco da decisão não ser correta”, defendeu a responsável.

No encontro, vão estar presentes, entre outros, a subdiretora geral da Saúde, Graça Freitas, da Direção Geral de Saúde, o presidente do INR, e representantes da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e do Instituto da Segurança Social

Criada em 2010, fruto das “enormes dificuldades sentidas por um pai cujo filho sofreu um traumatismo crânio encefálico”, a Novamente representa já mais de 200.000 casos e dá apoio de acompanhamento a mais de 500 famílias.