20 de novembro de 2013 - 11h20

A quimioterapia e a radioterapia podem causar infertilidade porque ao mesmo tempo que destroem as células tumorais também podem atingir as células germinativas, as mesmas que dão origem aos óvulos e espermatozóides.

Assim, fatores como o tipo de cancro tratado, a idade do doente, o potencial fértil da pessoa antes do tratamento e o tipo de quimioterapia e radioterapia utilizadas devem ser considerados no momento de avaliar quanto, exatamente, pode existir de impacto negativo no potencial reprodutivo, refere Maurício Chehin, médico do Grupo Huntington.

“Os tratamentos oncológicos impedem a proliferação de células em alta multiplicação. Não somente as cancerígenas, mas também as germinativas, que são naturalmente mais sensíveis aos efeitos das substâncias e da radiação aplicadas ao doente para combater o cancro”, diz Maurício Chehin, especialista em reprodução assistida em pacientes oncológicos.

O especialista ressalta que, além da infertilidade causada por esses tratamentos, os cancros que se manifestam nas regiões pélvicas também podem facilitar esse efeito secundário. Noutros casos, se uma doente apresenta um cancro fora da região pélvica tratável apenas por radioterapia, por exemplo, é possível que ela não desenvolva infertilidade uma vez que o local atingido pela radiação está afastado dos órgãos reprodutores. “Os casos devem ser analisados individualmente”, acrescenta.

Doentes já possuem alternativas e podem pensar em preservação

Para conseguir realizar o sonho de ter filhos, os doentes oncológicos já contam com diversas alternativas que preservam a fertilidade antes da quimioterapia e radioterapia. A técnica mais comum e não menos eficaz de se preservar a fertilidade é o congelamento ou criopreservação de óvulos, espermatozóides e também de embriões.

Maurício Chehin conta que existem também algumas alternativas ainda em fase de experiência, como é o caso da criopreservação do tecido testicular ou ovariano.

O método consiste em retirar um pequeno fragmento desses tecidos e congelá-los para um transplante posterior, no próprio organismo. A alternativa poderia ser indicada, por exemplo, para mulheres que não podem esperar quinze dias para a colheita de óvulos e devem iniciar o tratamento imediatamente. O tecido reimplantado teria a capacidade de se reproduzir e originar novas células reprodutivas.

“Outro meio, ainda de eficácia discutível, é a supressão ovariana. Através da medicação com a hormona análoga agonista do GnRH, é possível fazer com que os folículos que libertam os óvulos entrem numa espécie de hibernação, retardando a divisão celular e, a princípio, evitando que a quimioterapia ou a radioterapia tenham algum efeito sobre as funções reprodutivas”, esclarece o médico.

SAPO Saúde