Estas são algumas das conclusões de um estudo promovido pela Ordem dos Farmacêuticos, que tentou apurar o valor económico e social das intervenções das farmácias comunitárias, e seus profissionais, junto dos utentes, tendo como base de comparação o que se estima que ocorreria caso não houvesse intervenção farmacêutica.

Esta análise não incluiu a dispensa do medicamento, atividade principal da farmácia, tendo considerado apenas intervenções diárias como gestão de doenças e terapêuticas, saúde materna e do bebé ou “intervenções transversais” como administração de medicamentos e vacinas, apoio ao domicílio, aconselhamento farmacêutico, ou programas de saúde pública, como troca de seringas e cessação tabágica.

Assim, em termos de resultados globais, o estudo conclui que as farmácias permitem uma poupança de 879,6 milhões de euros, um valor que representa 0,5% do PIB e 5,6% da despesa total em saúde.

Discriminando por áreas de intervenção, as poupanças geradas são de 352 milhões de euros em toda a atividade não remunerada do farmacêutico, 45 milhões em internamentos hospitalares, 1,6 milhões em urgências e 401,5 milhões em consultas.

Em termos de doenças e terapêuticas crónicas, a sociedade portuguesa pouparia 147,6 milhões de euros em hipertensão arterial, 32,9 milhões na diabetes e 27,7 milhões na asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica).

Com a saúde materna e da criança a poupança chegaria aos 13,3 milhões de euros e com a melhoria da adesão à terapêutica aos 237,6 milhões.

Relativamente ao considerado “valor social” das farmácias, o estudo revela que a intervenção farmacêutica abrange 4,2 milhões de utentes, num valor global anual de 120 milhões de intervenções, e representa um aumento de 8,3% da qualidade de vida, bem como um benefício total de 260.245 anos de vida com qualidade.

A ausência de intervenções farmacêuticas representaria mais de 6 milhões de atos de saúde a mais no SNS, mais 22.409 hospitalizações, 22.054 episódios de urgência e 5.991.308 consultas.

Para efeitos deste estudo foram ainda consideradas as “intervenções futuras”, ou seja, intervenções que ainda não existem nas farmácias, mas que os farmacêuticos defendem que comecem a fazer parte das suas atividades, proximamente e em articulação com os cuidados de saúde primários e hospitalares.

Dispensa de medicamentos atualmente de uso exclusivo hospitalar a doentes crónicos controlados, deteção precoce do VIH, reconciliação da terapêutica, toma observada direta da terapêutica (no caso da tuberculose), ajuste da dose de terapêutica anticoagulante ou programas de gestão da doença no caso da artrite são algumas dessas intervenções.

Segundo o estudo, tal contributo permitiria poupar mais 144,3 milhões de euros e abranger 1,7 milhões de utentes.