técnicos, por sua iniciativa, estão a faltar ao trabalho", disse Rui Gonçalves aos jornalistas, em Coimbra, numa conferência de imprensa junto às instalações de delegação centro do INEM.

Acrescentou que os trabalhadores estão a faltar "num direito que está consagrado na Lei do Trabalho".

"Têm direito a faltar injustificadamente cinco vezes seguidas ou 10 interpoladas e estão a fazer uso desse direito", afirmou.

"Não quer dizer que todos os trabalhadores estão a faltar, para estarem 11 viaturas inoperacionais, 22 pessoas já faltaram só no turno da manhã", disse ainda o porta-voz da comissão de trabalhadores.

Rui Gonçalves afirmou que a decisão dos técnicos de ambulância de emergência que asseguram o socorro pré-hospitalar em Lisboa de se recusarem, desde o início do mês, a fazer horas extraordinárias, queixando-se de falta de pagamento de subsídios e de horas extra e de mais cortes no salário, foi tomada de forma "espontânea", sem intervenção da comissão de trabalhadores "nem de qualquer sindicato".

No entanto, a Federação Nacional do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais anunciou que vai emitir hoje um pré-aviso de greve nacional para dar suporte aos trabalhadores do INEM que pretendam não cumprir o trabalho extraordinário.

Luís Pesca, dirigente da federação, explicou aos jornalistas que o pré-aviso de greve só produz efeito a partir das 00h00 da próxima terça-feira.

Na conferência de imprensa, Rui Gonçalves reafirmou que o socorro pré-hospitalar "está em causa em Lisboa", alegando que 11 das 17 ambulâncias do INEM estiveram inoperacionais durante o período da manhã, situação que foi desmentida por aquele organismo.

"Tememos que se esta situação não se controlar rapidamente, se arraste ao resto do país" frisou, alegando que o socorro poderá também ser afetado no Porto e em Coimbra e noutras capitais de distrito, onde prestam serviço os cerca de 900 técnicos de emergência existentes no país, 250 dos quais em Lisboa.

Os técnicos de emergência reafirmaram ainda a exigência da demissão do presidente do INEM e avisam que, "se a demissão não acontecer, a inoperacionalidade [das ambulâncias] irá continuar até que o ministério [da Saúde] tome uma decisão definitiva".

Rui Gonçalves disse ainda que em Lisboa "o socorro é maioritariamente feito pelo INEM", afirmação que fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica desmentiu, alegando que 60 a 65% do socorro na Grande Lisboa é assegurado pelas corporações de bombeiros.

A fonte do INEM desmentiu ainda a informação de que 11 das suas 17 ambulâncias teriam estado inoperacionais da parte da manhã (contrapondo que apenas uma viatura estaria inoperacional) e alegando que o serviço de emergência pré-hospitalar está a ser assegurado na capital lisboeta e que existem outras 75 ambulâncias dos bombeiros da Grande Lisboa "à espera de serem acionadas".

À saída da reunião com a tutela, hoje de manhã, o presidente do INEM esclareceu que há sete ambulâncias paradas em Lisboa na sequência do protesto dos trabalhadores, no total de 21 daquelas viaturas do instutito na capital.

Em declarações aos jornalistas, Paulo Campos lembrou que não há qualquer pré-aviso de greve em vigor que suporte o protesto dos trabalhadores e sublinhou que a população não deve ficar alarmada porque o socorro não está em causa.

“Isto não é uma greve, não houve um pré-aviso. Mas teve a repercussão de haver algumas ambulâncias do INEM hoje sem tripulação. Lisboa está suportada numa redundância do dispositivo. Temos 75 ambulâncias dos bombeiros a trabalhar em Lisboa”, afirmou.