5 de junho de 2014 - 07h15
O presidente da Associação Psiquiátrica Alentejana (APA) disse hoje que o suicídio é a "principal complicação e o risco mais temível" das depressões graves em Portugal, sobretudo no Alentejo, onde as taxas daqueles dois casos são "elevadíssimas".
"Há uma relação de causa efeito entre as duas situações", ou seja, depressão e suicídio, o qual, nos casos de depressões graves, é "a principal complicação" em Portugal, sobretudo no Alentejo, disse à agência Lusa António José Albuquerque.
O psiquiatra falava a propósito do 3.º congresso da APA, que decorre na cidade alentejana de Serpa, no distrito de Beja, entre hoje e sábado, para analisar causas que levam ao suicídio, nomeadamente a depressão e o alcoolismo.
As depressões graves surgem "a partir de uma idade relativamente jovem, 20 e tal anos", são "muito profundas", têm quadros de depressão que se apresentam repetidamente da mesma forma, com uma frequência "relativamente elevada" e, muitas vezes, sazonal e têm o suicídio como "o risco principal e o mais temível", explicou.
Trata-se de depressões que têm "uma facilitação hereditária", "um carácter genético muito marcado, além do contexto social e histórico", como "o gravíssimo que o Alentejo tem passado", frisou António José Albuquerque.
No Alentejo, onde as taxas de incidência de depressão grave e de suicídio são "elevadíssimas", sendo que a taxa de suicídio "é mais elevada" do que a taxa de depressão grave, "há muitos casos de suicídio na mesma família", o que "denota, um pouco, a influência genético-familiar", disse.
"O alcoolismo, como o suicídio, é também, muitas vezes, um desenvolvimento secundário, uma consequência da depressão", disse o psiquiatra, referindo que a "tríade" depressão, alcoolismo e suicídio é "muito comum no panorama psicopatológico da depressão no Alentejo".
Por Lusa