Substâncias como a daidzeína e a genisteína, denominados fitoestrógenos presentes em produtos derivados da soja, como o leite, os iogurtes, o tofu e o miso, assim como o metilparabeno, que se encontra em muitos produtos cosméticos, empobrecem a qualidade espermática, e consequentemente a capacidade reprodutora.

Susana Alves, diretora do Laboratório de Andrologia do IVI Lisboa, explicou que “os disruptores endócrinos são agentes externos com os quais qualquer pessoa tem contacto, pela simples razão de viver em sociedade, e que afetam o nosso equilíbrio hormonal. Investigações como esta contribuem para esclarecer em que medida estamos expostos e como afetam a capacidade reprodutiva do homem, permitindo tomar medidas para aumentar as possibilidades de êxito dos tratamentos de procriação medicamente assistida”.

Este estudo piloto, em que participaram 25 voluntários masculinos, foi apresentado durante o Congresso anual da Sociedade Americana de Medicina da Reprodução e pretendia analisar o efeito de poluentes ambientais e outras substâncias como os fitoestrógenos sobre a frequência de aneuploidias ou alterações numéricas nos cromossomas dos espermatozóides, e a sua influência na qualidade do esperma.

O objectivo foi determinar, mediante um questionário completo, a que contaminantes estão expostos habitualmente os dadores de sémen para posteriormente medir a presença destas substâncias no sangue, urina e esperma.

A equipa de investigadores descobriu que um alto nível destes disruptores endócrinos no sémen pode dar origem a espermatozóides com um número inadequado de cromossomas.

Estas anomalias são responsáveis, por exemplo, por uma má mobilidade dos espermatozóides e de outras malformações, algo que influencia negativamente a capacidade reprodutora destes dadores.

Numa fase futura da investigação, o objetivo será reproduzir o estudo em mulheres e avaliar se estes agentes também podem influenciar a sua capacidade de reprodução.