No Dia Mundial do Sorriso, a Lusa acompanhou Madalena Coelho Penha, coordenadora do Porto do projeto Dentista do Bem, lançado pela Turma do Bem no Brasil e chegado a Portugal em 2010, numa visita a um lar de infância e de juventude da cidade, onde realizou uma triagem para avaliar a condição das jovens que lá residem.

A ideia do projeto é que um "um médico dentista adote uma criança entre os 11 e os 17 anos e [que a] acompanhe até aos 18 anos", tendo como critério que o jovem em causa não tenha rendimentos para realizar o tratamento.

"É apaixonante, é gratificante, porque nós vemos crianças que nos chegam envergonhadas - algumas estão perto do primeiro emprego - com problemas dentários gravíssimos que as incapacitam socialmente, acabam por mudar e vemos um sorriso na cara deles no fim do tratamento. Vemos a alegria que têm por terem sido escolhidos e só isso é a maior paga que podemos ter", explicou Madalena Coelho Penha, que apelou a uma maior participação de ortodontistas no projeto, pois as necessidades nessas áreas "são muitas".

A coordenadora do projeto no Porto lembra-se do exemplo do primeiro jovem que acompanhou (agora segue 26 jovens), que "não namorava e estava triste por isso", mas ao fim de um ano encontrou a namorada e teve, inclusive, direito a um implante por ter cumprido todos os requisitos que lhe deram para levar adiante.

Salomé Ferreira, de 19 anos e num curso técnico-profissional de saúde, é uma das jovens acompanhadas por Madalena Coelho Penha e reconhece que o facto de ter sido examinada e seguida por uma dentista fez "uma enorme diferença porque antes era mais desleixada".

A diretora do lar Nossa Senhora do Acolhimento, Ana Rosa Novais, recorda que tiveram o primeiro contacto com o projeto em 2012 e que "na altura houve um grupo de meninas que fez o rastreio e foi encaminhado para vários consultórios".

A nível de estomatologia, a diretora da instituição lamenta que tenham muitas necessidades "porque as jovens que chegam precisam de tratamentos, de cuidados e no público não há resposta ou é muito escassa e no privado é muito dispendioso".

A questão coloca-se não só em termos de interação social, sendo a autoestima uma componente relevante do projeto, mas também em termos laborais, de acesso ao mercado de trabalho, explicou a responsável do lar da Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina, organização que assinala este ano os 100 anos no Porto.