A Sociedade Portuguesa de Transplantação quer aumentar o número de doações de órgãos em vida como forma de contrariar a redução de transplantes que se tem verificado nos últimos anos.

No Dia do Transplante, que hoje se assinala, o presidente da Sociedade, Fernando Macário, explica à agência Lusa que as taxas de doação de órgãos em vida em Portugal são muito baixas em relação a outros países europeus.

Os dadores vivos são quem doa um órgão duplo como o rim, ou uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão para que seja transplantado a quem precisa. Atualmente, a lei já não exige consanguinidade nestes transplantes, mas as taxas de doação em Portugal continuam baixas.

No caso dos rins, em 2009 houve 63 transplantes feitos a partir de dadores vivos, mas em 2011 esse número baixou para 43.

“A seguir à legislação, de 2007, que veio permitir doar um órgão a um amigo, namorado ou marido, sem exigência de consanguinidade, verificou-se um crescimento, mas depois começou a registar-se decréscimo”, refere Fernando Macário.

Em Portugal a taxa de doação de rins com dadores vivos representa menos de 10 por cento do total de transplantes, quando noutros países europeus atinge 30 ou 40%.

“Há um potencial grande para aumentarmos a transplantação”, defende o responsável, lembrando que o número de transplantes em Portugal tem diminuído nos últimos dois anos.

A partir de hoje, a Sociedade Portuguesa de Transplantação vai lançar uma campanha com o objetivo de esclarecer os portugueses sobre a doação de órgãos em vida, assegurando que este tipo de doação só ocorre se não representar problemas de saúde para o doador.

“Só é aceite para doar um rim quem é exaustivamente estudado, assegurando que a pessoa pode viver só com um rim. Com esta campanha pretendemos dar às pessoas o acesso a toda a informação rigorosa e credível”, afirma Fernando Macário.

O número de transplantes de órgãos em Portugal está a baixar, tendo diminuído 17% nos primeiros cinco meses deste ano.

De janeiro a maio deste ano, comprando com o mesmo período de 2011, registaram-se menos 25% de transplantes renais e uma redução de 7,7% no caso do fígado.

A diminuição de dadores por acidentes de viação e por AVC (acidente vascular cerebral) são algumas das causas apontadas, tal como acontece noutros países.

20 de julho de 2012

@Lusa