19 de setembro de 2014 - 14h30
A Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica quer que as consultas de transição, da infância para a idade adulta, de doentes renais crónicos sejam em definitivo criadas nos estabelecimentos de saúde, avançou o presidente desta entidade.
Pela convicção de que a "partilha" entre especialistas de crianças e de adultos é "benéfica" para o sucesso do tratamento, a discussão em volta das consultas de transição é um dos temas em destaque na 47.ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Nefrologia Pediátrica, que teve início quinta-feira e se prolonga até sábado no Porto.
Em declarações à Lusa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica, Caldas Afonso, disse que os médicos pediatras "cada vez mais passam doentes crónicos que antes morriam e, logo, os colegas de adultos manifestam necessidade em ganhar experiência com estes jovens doentes quando os recebem".
"São doentes que nos acompanham ao longo de uma vida: uma criança que cresce e é um jovem, um adolescente, e é preciso continuar com rotinas, com tratamentos. O ambiente pediátrico é muito personalizado. O ambiente de adultos é muito impessoal", descreveu Caldas Afonso.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica disse que as famílias das crianças passam por "uma relutância muito grande" no momento da passagem "para o colega de adultos", pelo que defendeu que o processo seja discutido a nível nacional e internacional para que seja "calmo e programado".
"Pretendemos que haja, seja implementada e obrigatória, uma consulta de transição em que esteja o colega de adultos. Uma espécie de passagem de testemunho", vincou Caldas Afonso.
O responsável falava à Lusa no âmbito de um encontro europeu de nefrologia pediátrica que se realiza pela segunda vez em Portugal - a última vez ocorreu há 30 anos - e que junta cerca de oito centenas de especialistas da área, 90% dos quais estrangeiros e 30% de fora da Europa, conforme dados da organização.
A discussão à volta de uma nova proposta de tratamento para a cistinose, "patologia que tem grande mobilidade e rapidamente conduz a uma insuficiência renal crónica terminal com necessidade de diálise e transplante", é outro dos destaques deste evento, no qual se iniciaram formações para jovens especialistas.
"São cursos dedicados a jovens pediatras e nefrologistas pediatras. O curso vai prolongar-se até os próximos dois congressos, ou seja, estendendo-se por três anos. Aos países que têm menos condições formativas, porque muitos deles nem têm especialistas, foram dadas bolsas para permitirem que estejam aqui representados e em formação", descreveu Caldas Afonso.
O encontro junta pela primeira vez três sociedades da área: a EWOPA (European Working Group on Psychosocial Aspects of Children with Chronic Renal Failure), ERA-EDTA (European Renal Association-European Dialysis and Transplant Association) e IPNA (International Pediatric Nephrology Association).
Por Lusa