A síndrome vulgarmente chamada de “olho seco”, é uma patologia inflamatória que atinge 10-20% da população adulta e, segunda a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), a sua incidência tem vindo a aumentar. Desconforto ocular, ardor, sensação de corpo estranho e olho vermelho são alguns dos sintomas de alerta para esta e outras formas de inflamação ocular.

Segundo Ana Paula Sousa, coordenadora do Grupo de Inflamação Ocular da SPO, o “olho seco pode ser consequência da diminuição da produção de lágrima ou da deficiência de alguns dos seus componentes. Está relacionado com causas ambientais (poluição, ar condicionado), profissionais (uso excessivo de computador - insuficiente pestanejo), uso prolongado de lentes de contacto, com o processo natural de envelhecimento ou pode ser um efeito secundário de alguns medicamentos.”

A especialista refere que “é importante lembrar que esta síndrome pode ser manifestação de doenças sistémicas, particularmente as do foro imunológico (artrite reumatoide; lúpus eritematoso disseminado; Síndrome de Sjögren ou sarcoidose).” Já o tratamento, “ é sintomático: devem ser utilizadas substâncias lubrificantes, denominadas lágrimas artificiais”.

O “olho seco” é apenas uma das manifestações das inflamações que podem afetar as estruturas extraoculares, em particular a superfície do olho. As situações mais frequentes ocorrem nas pálpebras – as blefarites, e na conjuntiva - as conjuntivites - que podem ser de origem alérgica ou infeciosa. Neste último caso é essencial prevenir o contágio, utilizando medidas de higiene, e tratar com antibióticos na forma de colírios ou pomadas.

Ana Paula Sousa afirma ainda que as inflamações podem surgir dentro do olho, estando associadas a doenças sistémicas, podendo ser a sua primeira manifestação. As origens possíveis são doenças infeciosas como a tuberculose, sífilis, toxoplasmose, a sida ou patologias autoimunes como a espondilite anquilosante, a artrite reumatoide, o lúpus eritematoso disseminado, a esclerose múltipla.

A oftalmologista explica que os “processos inflamatórios intraoculares são geralmente designados por uveíte ou inflamação da úvea. Os sintomas são geralmente baixa da visão, olho vermelho, dor ocular, fotofobia e “moscas volantes”. A sintomatologia e a gravidade do quadro clínico variam conforme a estrutura anatómica atingida, mas se não forem detetadas e tratadas precocemente, estas inflamações podem conduzir à cegueira”.

Os métodos de tratamento e diagnóstico destas patologias sofreram uma “verdadeira revolução, o que tem contribuído para um melhor prognóstico das inflamações intraoculares”, conclui Ana Paula Sousa.

As inflamações dos olhos vão estar em debate no dia 28 de Janeiro, na reunião do Grupo Português de Inflamação Ocular, que se vai realizar no hotel H2O em Unhais da Serra. Manuela Carmona, presidente da SPO, explica que a atualização científica nesta área da oftalmologia é fundamental porque as inflamações, particularmente as que atingem as estruturas intraoculares, “são situações oftalmológicas graves, que obrigam a uma avaliação médica interdisciplinar, numa tentativa de chegar a um diagnóstico e instituição de uma terapêutica correta e atempada de modo a minorar os danos do globo ocular e preservar a visão”.

26 de janeiro de 2012

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