“O facto de ter sido ontem [quarta-feira] publicado em Diário da república o despacho de nomeação da nova administração do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa não constituíra nenhum acontecimento invulgar se a pessoa nomeada para presidir a este órgão não fosse a mesma que se demitiu em dezembro de 2015 na sequência da morte de um jovem no Hospital de São José devido à inexistência de equipa neurocirúrgica durante um fim de semana”, refere o Sindicato num comunicado hoje divulgado.

Um despacho publicado na quarta-feira anunciou a nomeação da ex-administradora do Centro Hospitalar de Lisboa Central, substituindo Isabel Paixão no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

“Quem se demitiu por graves ocorrências verificadas numa unidade hospitalar passou a estar novamente em condições de gerir, ao fim de um ano, uma outra unidade que possui uma elevada especificidade?”, questiona o Sindicato dos Médicos da Zona Sul.

Os sindicalistas consideram ainda que, com a passagem dos meses, se está a assistir a um “progressivo desnorte da gestão deste Ministério [da Saúde]”, apontando para a falta de medidas para resolver problemas concretos e para uma atividade ministerial reduzida a “mera difusão de anúncios”.

Além disso, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul lamenta que se verifique o que considera ser “um agravamento dos critérios de nomeação política que eram praticados com a equipa ministerial anterior”.

Em dezembro de 2015, David Duarte, de 29 anos, morreu no Hospital São José, em Lisboa, com um aneurisma roto, tendo a família apresentado queixa-crime por alegada falta de assistência.

Entretanto, um parecer da Inspeção-geral das Atividades de Saúde (IGAS) afastou responsabilidades de médicos ou enfermeiros. Já a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) considerou que terem ocorrido falhas no acesso e na qualidade dos cuidados prestado e disse que “não foram respeitados e acautelados pelo CHLC-HSJ [Centro Hospitalar Lisboa Central – Hospital de São José] os direitos do utente, em especial, o seu direito de acesso universal e equitativo ao serviço público de saúde.