Em declarações aos jornalistas, no decorrer de uma vigília, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulâncias de Emergência (STAE) explicou de que maneira o organismo pretender ter todos os meios de emergência operacionais durante o dia de hoje.

“Neste momento estão elementos da logística que estarão escalados para fazerem ambulância, o que demonstra a capacidade que este conselho diretivo tem em dar resposta ao socorro com pessoas da logística e da informática”, afirmou Ricardo Rocha.

A vigília começou por volta das 00:00 e juntou cerca de cem pessoas à porta da sede do Instituto Nacional de Estatística, em Lisboa, numa forma de protesto silenciosa.

“As pessoas que vão andar amanhã [segunda-feira] nas ambulâncias certamente serão elementos altamente capacitados para a função da logística e da informática, do socorro pré-hospitalar, de certeza que não são”, acrescentou.

Em declarações à agência Lusa, o sindicalista explicou que os técnicos em questão terão todos um curso de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS), mas têm em falta os restantes protocolos exigidos a quem trabalha nas ambulâncias do INEM.

Segundo Ricardo Rocha, para além do curso TAS, os técnicos de emergência são obrigados a ter o protocolo de hipoglicémia, toxicidade e abordagem e avaliação da vítima, protocolos que os técnicos de informática ou de logística não têm.

De acordo com o dirigente sindical, ao colocar os técnicos de informática e de logística a substituir os técnicos de emergência, o presidente do INEM está a ir contra uma determinação que ele próprio criou.

“Vai permitir que estas pessoas, que não podem tripular ambulâncias do INEM, prestem socorro”, apontou.

Nas declarações aos jornalistas, Ricardo Rocha afirmou que está em causa o serviço de socorro, já desde há algum tempo, com os técnicos de emergência a terem de fazer 23 a 24 dias consecutivos de trabalho.

Na opinião do presidente do sindicato, a solução para as divergências entre trabalhadores e direção do INEM, passa pela demissão do presidente do organismo.

“Primeiro passa pela demissão do presidente porque foi ele que criou este problema todo”, afirmou, acrescentando que se Paulo Amado de Campos tivesse cumprido com as promessas feitas há cerca de um ano, os trabalhadores não teriam chegado ao ponto de saturação em que se encontram.

O presidente do sindicato salvaguardou que a ideia da vigília foi dos trabalhadores, com vista a mostrar que estão fartos de serem mal tratados e de não terem as condições necessárias para trabalhar.

Luís Vitorino, 33 anos, é uma das pessoas presentes na vigília que aceita falar com a Lusa para contar como faz vários turnos extraordinários, uma situação que se tem vindo a agravar no último ano e que não tem o reconhecimento merecido por parte do INEM

“Estamos completamente cansados”, alertou, apontando para os vários perigos que daí advêm.

Diz que é por si e pelos colegas que opta por não fazer mais turnos extraordinários e conta como, no seu caso, sente que o INEM não reconhece condignamente o trabalho que faz.

“Em 2014 fui esfaqueado em serviço, fiquei com dois dentes partidos e até hoje estou sem arranjar os dentes porque o INEM não me paga”, desabafou.

Para o representante da comissão de trabalhadores, o número de pessoas presentes na vigília é a clara demonstração da união que existe entre os técnicos, já que estavam presentes não só técnicos de emergência, mas também enfermeiros ou técnicos dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

“É a união que há dentro do INEM em torno de uma só missão, que é garantir que o cidadão tenha uma boa resposta quando necessita”, apontou Rui Gonçalves.

No decorrer da vigília, os trabalhadores deverão aproveitar para deliberar entre si que medidas futuras pretendem tomar.