O Coordenador Nacional para a Infecção VIH/Sida, Henrique Barros, admitiu que ainda há «casos pontuais» de doentes discriminados nos serviços de saúde em Portugal e defendeu a importância de os denunciar para evitar situações similares.

Henrique Barros, que participa na XVIII Conferência Internacional sobre Sida, que decorre em Viena até sexta-feira, comentava à Lusa as declarações do presidente do GAT, Luís Mendão, de que a discriminação «mais gritante e revoltante» com que se deparam os doentes seropositivos no dia a dia é a que ocorre nos serviços de saúde.

«Há casos pontuais e o que é importante é denunciá-los todos porque só com essa denúncia e com uma acção sobre cada um desses casos se pode garantir que não se reproduzam no futuro e que melhore verdadeiramente a resposta às pessoas que estão no serviço de saúde», disse Henrique Barros.

Porém, sublinhou, esta situação tem «melhorado imenso» ao longo do tempo: «Inicialmente havia o medo do desconhecido, depois há uma discriminação que muitas vezes é associada aos preconceitos e há ignorância quando se imagina que as pessoas adoecem devido aos seus estilos de vida, das suas escolhas pessoais».

Mas, ressalvou, esta situação tem «melhorado muito porque tem acompanhado a qualidade e a formação das pessoas que atendem os doentes».

Henrique Barros lamentou que continue a haver «problemas graves de discriminação» no mundo, lembrando que há países que impedem a entrada de seropositivos no seu território.

«Felizmente [este impedimento] está a acabar e terminou em países como os Estados Unidos e a China», acrescentou.
Para terminar com esta situação de «discriminação e desigualdade» está a circular na conferência um documento que ficará conhecida como a Declaração de Viena: «É uma afirmação com base no conhecimento científico da enorme importância que tem a resposta, sobretudo aos problemas das drogas, como um pilar essencial no controlo da infecção».

O coordenador nacional lembrou a importância da história desta reunião em Viena: «As primeiras conferências, há mais de duas décadas, foram a primeira manifestação da importância do activismo civil na influência da agenda de investigação, da resposta dos cuidados da saúde e da indústria farmacêutica».

«A partir daí criou-se uma forma diferente de olhar para a resposta do sistema de saúde», sublinhou.
A Conferência Internacional sobre Sida, que decorre sob o tema «Direitos Aqui e Agora», reúne mais de 20 mil pessoas, entre investigadores, médicos e membros de diversas associações.

O respeito pelos direitos humanos dos infectados com o HIV – igualdade de acesso aos cuidados de saúde e prevenção e não discriminação – é o fundamento para uma resposta adequada à pandemia, refere a organização.

Fonte: Diário Digital / Lusa

2010-07-19