Cerca de 24 mil pessoas fizeram em 2009 o teste rápido de detecção da infecção VIH/Sida nos Centro de Aconselhamento e Detecção Precoce, um instrumento que está a começar a ser utilizado nos centros de saúde.

Estes dados, que não englobam os testes realizados nos hospitais, clínicas e laboratórios, mostram que os portugueses estão mais conscientes da doença e da importância de um diagnóstico atempado, adiantou à Lusa Beatriz Casais, da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida.

Para o coordenador do Núcleo de Estudos VIH/Sida da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, José Malhado, o alargamento destes testes aos centros de saúde seria uma «boa solução» para resolver o problema de subdiagnóstico em Portugal, que também se verifica noutros países.

«A disponibilidade destes testes nos centros de saúde era óptimo porque são as estruturas de saúde que estão no terreno», defendeu.

O coordenador nacional para a Infecção VIH/Sida, Henrique Barros, avançou, por seu turno, que alguns centros de saúde já têm estes testes, que permitem um diagnóstico da doença em minutos, num processo semelhante a um teste de gravidez, mas sem recolha de urina.

«Os profissionais existem, os testes existem e os centros de saúde podem utilizá-los. Portanto, é meramente uma questão de organização, de local e de interesse em criar essas condições», sublinhou Henrique Barros, que participa até sexta-feira na conferência internacional sobre a sida, que está a decorrer em Viena, na Áustria.

Mas para o responsável, «não é preciso, nem vai ser necessário, generalizar a todos os centros de saúde» estes testes, lembrando que já estão disponíveis em todas as cidades do país nos centros de Aconselhamento e Detecção Precoce (CAD).

«Os testes são gratuitos, as pessoas podem usá-los e não há nenhuma razão para que isto seja uma limitação ao conhecimento da infecção», mas não podem ser vistos com uma «medida isolada», precisam de «aconselhamento».

«Atirar com testes para os centros de saúde não é solução, nem é uma via. É preciso ter a noção mais exacta do papel que os testes têm», disse, aludindo à necessidade de aconselhar a pessoa que vai realizar o exame e prepará-la para a eventualidade de um resultado positivo.

José Malhado acrescentou, por sua vez, que é necessário «motivar as pessoas e os grupos que eventualmente tenham comportamentos de risco para fazerem o teste».

Segundo o médico, tem-se verificado «um aumento do número de doentes que chegam [ao hospital] em fases mais tardias [da infecção], já a precisar de terapia».

A 31 de Dezembro de 2009, encontravam-se notificados 37 201 casos de infecção VIH/Sida em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

O maior número de casos corresponde a infecção em pessoas que referem consumir drogas por via endovenosa ou «toxicodependentes» (41,7 por cento).

O número de casos associados à transmissão heterossexual representa o segundo grupo, com 41,1 por cento dos registos, e a transmissão homossexual masculina representa 12,7 por cento dos casos. As restantes formas de transmissão correspondem a 4,5 por cento do total.

Fonte: Diário Digital / Lusa

2010-07-22