Pelo contrário, se o termómetro ganhar 2ºC, as hipóteses de o Polo Norte se manter gelado desce para cerca de 60%, acrescentaram os investigadores James Screen e Daniel Williamson, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

A comunidade internacional acordou, no final de 2015, em Paris, em conter o aquecimento global, provocado pelos gases com efeito de estufa, "bem abaixo de 2ºC" e continuar a "ação para o conter em 1,5ºC".Se este objetivo dos 1,5ºC for atingido, "isso poderá de certa maneira impedir que a região ártica perca toda a sua camada de gelo", sublinharam.

O gelo do Ártico é essencial à sobrevivência de espécies. Contribui também para travar o aquecimento global ao reenviar a radiação solar para o espaço e impedir o calor do oceano de aquecer o ar. Se este espelho gigante de gelo for substituído pelo oceano azul, a radiação solar é absorvida, o que acelera as alterações climáticas. Mas a tendência de recuo da superfície gelada é nítida.

O seu mínimo foi em 2012, quando se ficou pelos 3,41 milhões de quilómetros quadrados, que é metade da média do verificado entre 1979 e 2000. Em média, a superfície gelada do Ártico tem oscilado entre cinco milhões de quilómetros quadrados no verão e 14 milhões no inverno. Acresce que as dez extensões menores da superfície de gelo observadas desde 1979, quando começaram os registos obtidos por satélite, ocorreram todas a partir de 2007.

Os doze meses mais quentes do século

Em 2016, a região conheceu os seus doze meses mais quentes desde o início dos registos em 1900, calor que provocou um degelo inédito e atrasou a formação de gelo no outono. Se nada for feito para diminuir o aquecimento global, o Ártico pode ficar sem gelo até meio do século, calcularam estes cientistas. Mas, hoje, os povos indígenas já veem o seu modo de vida comprometido, com algumas casas a caírem literalmente no mar.

Para os ursos polares, a ameaça é ainda maior. Com a população reduzida a 20 mil animais, os ursos lutam para sobreviver perante o desaparecimento das plataformas de gelo flutuante onde caçavam focas e outras presas. A manterem-se as tendências atuais, a Terra está a caminho de ter um aumento da temperatura em cerca de 3ºC no final do século.

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