A Associação Turma do Bem, uma ONG com origem no Brasil e a trabalhar há cerca de um ano e meio em Portugal, vai realizar um mega-rastreio oral gratuito, sábado, no Porto, destinado a jovens carenciados.

Estão convidadas a participar todas as escolas públicas e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho do Porto que tenham valências que prestem serviços a jovens, sendo dada preferência às instituições mais carenciadas, que não recebam nenhum apoio no âmbito da saúde oral.

Na triagem, serão selecionados os jovens (entre os 11 e os 17 anos) que possuírem a maior quantidade de problemas odontológicos, os jovens mais carenciados, assim como será dada prioridade aos jovens mais velhos, que estão próximos do primeiro emprego.

Fonte do gabinete de imprensa desta organização explicou à Lusa que estes jovens serão encaminhados para um dos cerca de 280 dentistas portugueses que integram a rede, que se comprometem a oferecer o tratamento odontológico completo, gratuitamente, até que o jovem complete 18 anos.

A Turma do Bem (TdB), que está presente em onze países da América latina e em Portugal, gere uma rede de médicos dentistas voluntários e oferece atendimento odontológico gratuito a jovens carenciados.

Em Portugal, os dentistas que integram a rede já atenderam cerca de 500 jovens.

No Porto, a iniciativa irá decorrer na sede da EDP (próximo a Casa da Música) e contará com a presença dos “20 melhores voluntários” de toda a rede (incluindo Brasil e América Latina), que se “limitarão a assistir, sendo o rastreio efetuado por dentistas inscritos na ordem”, garantiu a organização à Lusa.

Esta iniciativa de solidariedade motivou um parecer do Conselho Deontológico e de Disciplina (CDD) da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) a que a Lusa teve acesso.

No documento, a OMD refere que o rastreio “só pode e só deve ser realizado por médico dentista, posto que é o profissional legalmente habilitado para o efeito”.

Com a menção que é feita à participação de voluntários da América Latina, “não pode pretender a entidade organizadora levar a cabo um rastreio por profissionais que não estejam legalmente habilitados para o efeito, isto é, sem a respetiva inscrição na OMD”, alerta.

“Por outro lado, entendemos que a utilização da expressão ‘melhores voluntários’ fere o princípio da igualdade na profissão consagrado no artigo 24º do Código Deontológico que estabelece que a profissão deve ser considerada como uma associação de iguais, onde vigoram os mesmos direitos e os mesmos deveres, para todos os membros”, acrescenta.

O CDD da OMD considera ainda que “não se pode criar no destinatário do anúncio a ideia de que nem todos os voluntários são capazes de exercer a suas funções, existindo assim voluntários de primeira e de segunda”.

Sobre o caráter gratuito do evento, a OMD lembra que “a regra geral é a onerosidade da medicina dentária e a gratuitidade a exceção”, mas dadas as circunstâncias deste caso, entende o Conselho Deontológico e de Disciplina que “o caráter gratuito dos tratamentos prestados encontra justificação".

20 de fevereiro de 2012

@Lusa