Em comunicado, o CHLN, que compreende o Hospital de Santa Maria, onde uma doente acabou por falecer supostamente por falta de medicamento, explicita que os 82 casos compreendem 13 tratamentos oferecidos pela farmacêutica Gilead, ao abrigo do chamado Programa de Acesso Precoce.

Os outros foram 16 tratamentos, através de ensaio clínico, no ano passado, aos quais se juntam outros 33, também através de ensaio clínico, mas já este ano, assim como um caso de tratamento, oferecido pela farmacêutica Abbvie (de onde eram também os medicamentos dos ensaios clínicos), ao abrigo do Programa de Acesso Precoce, e ainda 19 autorizações especiais.

Nestes 19 últimos casos, explica-se, no documento, que se tratavam de autorizações no quadro das propostas da Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), com autorização do Conselho de Administração do CHLN.

“Todos os doentes são avaliados clinicamente de acordo com as Recomendações para o Tratamento da Hepatite C 2014” e "apresentam um risco acrescido de desenvolverem complicações suscetíveis de causar risco de vida”, tendo sido definida, no início de 2014, uma metodologia técnica ou científica “transparente para as análises pela CFT e sempre envolvendo na decisão os médicos assistentes desta patologia”, diz-se o comunicado.

No mesmo comunicado é igualmente explicado que a doente de 51 anos, que morreu em Santa Maria na sexta-feira, era seguida noutro hospital e que a ligação a Santa Maria se prende "com um episódio de urgência”, de foro gastrenterológico, porque o hospital é o único com uma Unidade de Cuidados Intensivos de Gastrenterologia e Hepatologia.

A doente em causa era assistida no Hospital Egas Moniz, que entretanto esclareceu que esta sempre recusou uma terapêutica alternativa, situação que o filho da vítima negou, em declarações à agência Lusa.

O chefe da unidade de hepatologia do Hospital Santa Maria, Fernando Ramalho, também em declarações à Lusa, disse que, do Egas Moniz, pediram para que aceitassem a doente em Santa Maria, onde chegou “já muito mal”, acabando por morrer.

“Não sabemos de mais nada sobre o que se passou com a doente, não sei de que medicamento alternativo estão a falar, não estou dentro do processo, só aceitámos o pedido do Egas Moniz”, disse o responsável.

A farmacêutica Gilead disse que a doente em causa podia ter tido acesso ao fármaco sem qualquer custo para o Estado.

Numa nota enviada à agência Lusa, a Gilead disse nunca ter recebido qualquer nota de encomenda para o uso do medicamento nesta doente, apesar de o laboratório o ter disponibilizado.