11 de novembro de 2013 - 08h49
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa quer o edifício da Maternidade Alfredo da Costa para “uma academia de saúde”, mas o Hospital Pulido Valente também é uma hipótese devido ao “imbróglio” à volta da MAC.
“Nós queremos a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), mas não podemos esperar indefinidamente e, com franqueza, ainda não tenho a certeza do destino que vai resultar de todo este imbróglio que tem existido”, diz Pedro Santana Lopes em entrevista à agência Lusa, a propósito dos dois anos de mandato à frente da instituição.
Desde o anúncio do encerramento MAC, em março de 2012, que o caso se arrasta em processos em tribunal e recursos.
Santana Lopes diz que “há a possibilidade” do edifício da MAC passar para a Santa Casa, mas como a situação “tem estado tão complicada devido às providências cautelares” e a “todas as situações” que têm envolvido a maternidade, está a estudar outras possibilidades.
“Temos estado a estudar outras hipóteses, nomeadamente o Hospital Pulido Valente”, com a administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, revela.
O provedor conta que já falou “várias vezes” com o ministro da Saúde sobre a MAC e espera que, “em breve, haja notícias”.
A Santa Casa tem interesse em criar no edifício da maternidade “uma academia da saúde”, que prestará formação em saúde, serviços e cuidados de saúde para pessoas “desde as mais tenras idades até às idades mais avançadas”.
Também na área da saúde, o provedor avança que vai recuperar um edifício de 2.000 metros quadrados, mandado construir pelo ex-provedor Vítor Melícias, que está em cabouco desde 1991.

O edifício, localizado ao lado do Hospital Ortopédico de Sant’Ana, na Parede, pertencente à Santa Casa, vai dar lugar a uma nova unidade de saúde com urgência, ambulatório e às especialidades de neurocirurgia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia.
O reforço da cooperação com outras misericórdias é outro projeto de Santana Lopes, tendo já inscrito no orçamento da SCML para 2014 uma verba específica para esses projetos, nomeadamente unidades de cuidados continuados ou paliativos, no sentido de “fazer face ao envelhecimento da população”.
“Há misericórdias de outros sítios do país com as quais a Santa Casa pode fazer parcerias criteriosas e estrategicamente selecionadas que levem à conclusão de obras” que têm em andamento, mas para as quais, por vezes, não têm dinheiro para acabar.
Em contrapartida, cedem camas que a Santa Casa tem necessidade para casos - que tem a seu cargo - de demência, paralisia cerebral, deficiência profunda e de idosos sem família em Lisboa.
“Temos necessidade dessas camas, mas entendemos que também temos também essa obrigação”, comenta.
“No momento em que o país vive, em que o Estado chega-se para trás, as Misericórdias, que vão recebendo hospitais de volta do Estado, muitas vezes sem terem as obras feitas, sem terem recheio, têm grandes dificuldades para fazer face às novas responsabilidades que enfrentam e eu julgo que a Santa Casa pode e deve fazer essas parcerias”, defende.
Santana Lopes lembra que essa parceria já está a ser feita com a Misericórdia do Porto na área do empreendedorismo, da economia e da inovação social.

Lusa