Segundo dados relativos a março fornecidos à agência Lusa pelo ACES Lezíria, as situações mais críticas nos nove concelhos do distrito de Santarém abrangidos são as de Salvaterra de Magos, o concelho com mais utentes sem médico de família (12.366 em 20.979 inscritos), seguindo-se Rio Maior, com 9.652 utentes sem médico de família num universo de 22.338 pessoas, e Almeirim, com 8.792 dos 22.428 utentes sem médico de família.

Coruche e Golegã são os concelhos melhor servidos, com apenas dois dos 19.813 utentes, no primeiro caso, e quatro dos 6.255, no segundo, a não terem médico de família atribuído.

Na capital do distrito, Santarém, os 62.293 utentes inscritos estão repartidos por quatro Unidades de Saúde Familiar (USF) e uma Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP), havendo 3.975 pessoas sem médico de família atribuído (essencialmente na UCSP, 2.373, e na USF do Planalto, 1.592).

Quase metade dos utentes inscritos na Chamusca não tem médico de família (4.099 num universo de 9.709), o mesmo acontecendo no concelho de Alpiarça, onde 3.434 dos 7.008 inscritos não têm médico de família, enquanto no Cartaxo há 2.023 dos 25.972 utentes sem médico atribuído.

O ACES Lezíria insere-se numa região, a de Lisboa e Vale do Tejo, em que faltam 500 dos 800 médicos de família necessários no país, segundo dados fornecidos à Lusa pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).

Do universo de 200.000 utentes abrangidos pelo ACES Lezíria, 17% não possui médico de família atribuído (34.316 pessoas).

Em termos de percentagem de população sem médico de família a nível nacional, as regiões com maior carência são o Algarve/Barlavento (50,5%), Sintra (32,7%), Estuário do Tejo (32,4%), Oeste Sul (30,2%), Arrábida (29,3%) e Amadora (29%).

Segundo os dados da APMGF fornecidos à Lusa, em Portugal existem 5.500 médicos de família, estando 430 a concluir a especialidade. Em todo o país faltam 800 médicos de família, dos quais 500 na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Assinalando na terça-feira o Dia Mundial do Médico de Família, a APMGF frisa que “o médico de família é essencial na promoção da saúde dos portugueses”.

O dia vai ser assinalado em várias cidades do país com campanhas junto da comunidade, estando em Santarém agendadas ações nas unidades e junto do centro comercial situado no centro da cidade, nas quais serão, nomeadamente, distribuídos uma brochura e um folheto no qual a população pode escrever mensagens sobre as melhorias que entende serem necessárias na prestação de cuidados de saúde primários em Portugal.

O presidente da APMGF, Rui Nogueira, aponta, como dificuldades, a “exaustão dos profissionais por degradação das condições de exercício”, o sistema informático “inadequado”, o “desinvestimento nos centros de saúde” e o “abandono da reforma dos cuidados de saúde primários iniciada há 10 anos”.

Em contraponto, Rui Nogueira refere os benefícios da “evolução dos cuidados de saúde dos últimos 30 anos sabendo que os ganhos em saúde têm retorno a longo prazo”.