"A Europa é a maior utilizadora do mundo de amálgama e as ONG [Organizações Não Governamentais] de defesa do consumidor, da saúde e do ambiente, bem como muito profissionais de medicina dentária, apelam a que a sua utilização seja proibida", refere uma informação da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.

Na terça-feira, representantes da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu vão discutir o texto do Regulamento Europeu sobre Mercúrio, incluíndo o seu uso nos cuidados dentários. Segundo a Zero, a Europa é a maior utilizadora do mundo de amálgama e o seu impacto ambiental "é significativo" tanto no ar como na água e no solo, mas também representa um risco para a saúde humana. Se não for filtrado nas águas residuais, o mercúrio acaba por chegar ao mar e ser absorvido pelos peixes que entram na alimentação.

A amálgama dentária com mercúrio "está identificada como um risco de 'envenenamento secundário' pela Comissão Científica de aconselhamento da Comissão Europeia, pois acaba por entrar na cadeia alimentar humana através do pescado", explica a Zero. O Comité de aconselhamento da Comissão Europeia na área da saúde recomendou que seja banido o seu uso em crianças e mulheres grávidas.

Maioria dos tratamentos na Europa já não usa mercúrio

A associação portuguesa Zero cita a posição de Elena Lymberidi-Settimo, do European Environment Bureau, a defender o fim das amálgamas e lembrar que "mais de 66% dos tratamentos dentários na União Europeia são realizados sem recorrer a mercúrio, pelo que é mais do que tempo dessa passar a ser a norma".

Veja ainda15 alimentos que os dentistas nunca comem

Leia também12 outras utilizações que pode dar à pasta de dentes

Susana Fonseca, da Zero, recorda também que, numa consulta pública organizada pela Comissão Europeia, "88% dos participantes recomendaram o fim da utilização da amálgama e 12% solicitaram que fosse retirada de forma faseada". A amálgama já foi muito usada pelos dentistas, mas tem vindo a ser progressivamente abandonada, e alguns países proibiram mesmo a sua utilização, como a Suécia, enquanto em outros não chega a 5%, como na Finlândia, Dinamarca ou Holanda, acrescenta a associação portuguesa.

As organizações, nomeadamente de dentistas, realçam a existência de alternativas disponíveis, acessíveis em termos económicos e eficazes nos tratamentos.