Os números da OPP baseiam-se em estudos internacionais que acompanham os estudantes ao longo do seu percurso até chegar à vida ativa, segundo os quais por cada 7,83 euros investidos por aluno o retorno é de 180 euros.

Os estudos apontam ainda que se o investimento for superior, cerca de 25,68 euros por aluno, o benefício pode atingir os 660,51 euros e traduzir-se num retorno que poderá atingir os 812 milhões de euros.

A Ordem dos Psicólogos explicou à agência Lusa que chegou a estes números com base no universo de alunos portugueses que frequentam o ensino básico e secundário nas escolas públicas.

Tendo em conta que existem em Portugal cerca de 1.280.000 alunos no ensino básico e secundário nas escolas públicas, "concluímos que podiam ser obtidos ganhos elevados com a implementação de programas de prevenção e promoção da saúde psicológica nas escolas”.

Apesar de não haver estudos em Portugal sobre esta matéria, há um conjunto de indicadores - taxa de reprovações, elevado abandono escolar, baixas qualificações dos trabalhadores e os níveis de salários que auferem - que corrobora “o imenso retorno que teria um investimento precoce nestas áreas em Portugal”, sublinhou a ordem.

“A reprovação de um aluno no ensino público (no básico e no secundário) custa cerca de 4.000 euros”, se reprovarem 120 a 130 mil estudantes, como aconteceu em 2014, são 500 milhões de euros anuais, só em custos diretos, exemplificou.

Para a OPP, o reforço da intervenção psicológica, como vários estudos indicam, é um “fator fundamental na prevenção” destes “fenómenos de absentismo, retenção e abandono escolar”, mas também de obtenção de ganhos económicos.

As boas práticas internacionais defendem um rácio de um psicólogo por 1.000 alunos, mas em Portugal esse rácio é de um psicólogo por 1.645 estudantes no ensino público e de um para 795 no ensino privado.

Para a ordem, estes números apontam para “um desequilíbrio claro entre aquilo que é a resposta da escola pública e da escola privada nesta matéria em Portugal”.

Além disso, frisou, há psicólogos a trabalharem em condições precárias, com contratações de 20 horas para um agrupamento de escolas, muitas vezes, com cerca de 1.500 alunos.

Muitas vezes, “o psicólogo chega à escola em meados de outubro, sem conhecer os professores, os alunos e a comunidade escolar e é bombardeado com um sem número de casos urgentes, nos quais a intervenção é iminentemente clínica e não configura aquilo que é a intervenção em psicologia da educação”, sublinhou a OPP.

No ano passado, as escolas contaram com a colaboração de cerca de 800 psicólogos, segundo dados do Ministério da Educação e Ciência.

Além destes, havia já 424 psicólogos dos quadros dos estabelecimentos de ensino e outros 140 que podiam ser contratados pelas escolas com contratos de autonomia ou integradas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP).

A OPP entregou a análise sobre os ganhos de investir na saúde psicológica nas escolas às direções-gerais do Ministério da Educação.