“Hoje todas as grávidas que têm acompanhamento fazem o teste de rastreio”, disse Maria Eugénia Saraiva, que falava à agência Lusa a propósito do 25.º aniversário da instituição, que será celebrado no sábado.

Este ano, em Portugal “só 234 parturientes foram detetadas com VIH e só quatro crianças nasceram seropositivas”, disse Maria Eugénia Saraiva, comentando: “É um caso de sucesso que há 25 anos não tínhamos”.

No ano em que celebra os 25 anos, a LPCS, em parceria com o Instituto Português de Oncologia, vai iniciar o rastreio ao papiloma vírus humano (HPV), no âmbito do programa “Saúde + perto”, que já realiza rastreios ao VIH, hepatites víricas e outras infeções sexualmente transmissíveis (IST), avançou à Lusa.

Num balanço do trabalho da associação, pioneira nesta área, Eugénia Saraiva disse que foram 25 anos a combater a doença, com projetos de apoio às pessoas infetadas com o vírus da imunodeficiência humana, aos seus familiares e amigos, e ações de sensibilização junto da população para prevenir a doença.

“Ontem quando alguém era diagnosticado para o VIH era como se ouvisse a sua sentença de morte”, não havia medicação específica, e “as pessoas eram descobertas maioritariamente na fase já de Sida”, disse, lembrando ainda o estigma sobre a doença que estava associada a comportamento promíscuos e a grupos de risco.

Apesar do panorama se ter “modificado significativamente”, o estigma social e a discriminação ainda permanece: “Está muito camuflada, mas existe”.

Mas é preciso lembrar que “a infeção é muito democrática, atinge de A a Z todas as pessoas, sem olhar a cor, a religião, a partidos”.

“Temos todos os dias pessoas de diversas idades que nos chegam para serem aconselhadas sobre como devem fazer para chegarem ao hospital e começarem mais depressa o tratamento”, contou.

Sobre o futuro, Eugénia Saraiva disse que a intenção é continuar a contribuir para que mais pessoas conheçam o seu estatuto serológico, tenham acesso à prevenção, cuidados de saúde e tratamento atempado.

A Liga pretende também criar respostas inovadoras, fundamentadas em evidência científica e dirigidas a populações específicas, e concretizar os objetivos traçados em conformidade com as estratégias nacionais e internacionais.

Lembrou a meta definida pela ONU/sida de, até 2020, 90% das pessoas infetadas estarem diagnosticadas e, destas, 90% serem tratadas.

“Não sei se é possível este novo desafio que a ONU Sida enviou para todo o mundo”, porque “infelizmente, ainda hoje, através da nossa linha SOS Sida (800201040), continuamos a receber chamadas que de há racionamento nos hospitais de medicação”, sublinhou.

“Se temos estes problemas que nos chegam diariamente através da linha, não sei se será possível termos todas as pessoas diagnosticadas em tratamento, mas iremos contribuir dentro das nossas possibilidades”, acrescentou.

Mas a mensagem da Liga é de esperança: “Existe ainda um caminho para percorrer, mas temos de realçar o bom, os novos medicamentos, mais e melhor prevenção e novos métodos de rastreios”.