5 de novembro de 2013 - 15h38
Um estudo apresentado recentemente na Semana Digestiva Europeia, que decorreu em Berlim, vem reforçar o que os gastrenterologistas portugueses têm vindo a recomendar como a principal medida preventiva do cancro do cólon e reto: é fundamental que o rastreio deste tipo de cancro na população em geral se inicie aos 50 anos. 
O estudo, feito com base nos dados do Programa alemão de Rastreio ao Cancro do Cólon e Reto, em que foram avaliados os resultados de 3 milhões de colonoscopias, conclui que, com este método, foi possível detetar um significativo número de casos de cancro em fase inicial e remover lesões pré-cancerígenas. 
Estes dados deverão encorajar as pessoas a aderir ao rastreio do cancro do cólon e reto a partir dos 50 anos, ou mais cedo caso a história familiar do doente represente risco acrescido de vir a desenvolver este tipo de cancro. 
Cancro do cólon e reto: os números
O cancro do cólon e reto é um tumor maligno que tem origem no intestino grosso (cólon) ou no reto. É um dos cancros mais frequentes e a segunda causa de morte por cancro em Portugal. 
A grande maioria tem origem num tipo particular de pólipos, os adenomas, conhecidos por serem os percursores do cancro do cólon e reto. A colonoscopia de rastreio tem o potencial de não só identificar como também de remover estes adenomas, evitando, de forma significativa, o aparecimento de novos casos de cancro. 
No estudo alemão, 1 em cada 5 pessoas rastreadas tinha adenomas (19,4% da população em estudo), sendo os homens ligeiramente mais atingidos que as mulheres. 
A taxa de deteção de casos de Cancro do Cólon e Reto nesta população, por definição sem sintomas sugestivos da doença, foi de 1 em cada 100 pessoas rastreadas.
Quais os sintomas?
Importa salientar que os sintomas – perda de sangue pelo ânus, alteração do funcionamento habitual do intestino (diarreia ou obstipação), dor abdominal ou fadiga – são habitualmente tardios. De facto, na grande maioria dos casos, não há sintomas até que a doença se encontre em fase avançada. Assim, a ausência de sintomas não deve desencorajar a realização do rastreio.

Como tratar?
Nas fases iniciais, habitualmente detetadas durante uma colonoscopia de rastreio, pode ser possível remover, para além dos adenomas, alguns cancros em fase inicial. Nas restantes situações, sempre que possível efetua-se cirurgia para remoção de parte do intestino onde se situa o tumor. Esta cirurgia pode ou não ser complementada com quimioterapia ou radioterapia, dependendo do estádio do tumor na altura do diagnóstico. 
Quais os fatores de risco?
Os principais fatores de risco são a idade, aumentando o risco de forma muito significativa a partir dos 50 anos, a história de adenomas ou cancro do cólon e reto em familiares próximos e a existência de Colite Ulcerosa ou Doença de Crohn do cólon, extensa e com muitos anos de duração. 
Como prevenir?
A alimentação pobre em carne vermelha e gordura animal e rica em vegetais e a atividade física estão associadas a um menor risco de cancro do cólon e reto. Atualmente, a melhor forma de prevenir o aparecimento do cancro do cólon e reto é fazer o rastreio, que preferencialmente deve incluir a realização de exames endoscópicos como a colonoscopia. 
Em alternativa, pode utilizar-se a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Para a população em geral, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) recomenda que o rastreio do cancro do cólon e reto se inicie aos 50 anos. 
De acordo com o secretário-geral da SPG, Ricardo Freire, "os principais objetivos do rastreio consistem em detetar o cancro do cólon e reto em fases iniciais, aumentando as possibilidades de cura e o prognóstico, e detetar e remover os adenomas, prevenindo a sua evolução futura para cancro". 
"Estes dados, divulgados agora em Berlim, vêm confirmar a orientação da SPG, que recomenda que o rastreio se inicie aos 50 anos na população em geral. Há que incentivar as pessoas a fazer o rastreio deste tipo de cancro porque este procedimento pode salvar vidas", acrescenta o gastrenterologista. 
SAPO Saúde