16 de setembro de 2014 - 08h01
Os ambientalistas da Quercus continuam preocupados com o tratamento dos frigoríficos que deixam de ser usados e vão para reciclagem, alertando que a falta de controlo e o manuseamento indevido causa libertação de gás nocivo para a atmosfera.
A propósito do Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozono, que hoje se assinala, Rui Berkemeier, da associação de defesa do ambiente, disse à agência Lusa que, "em Portugal, as preocupações que permanecem são aquelas essencialmente relacionadas com a gestão dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos que fazem refrigeração, os frigoríficos, arcas congeladoras e ar condicionado".
É que, por exemplo nos frigoríficos, "continua a não haver um bom controlo do destino do gás que está nesses aparelhos", alertou.
Continuam a detetar-se casos de acesso ilegal aos frigoríficos que, antes de serem recolhidos são manuseados por pessoas sem preparação que vão retirar os compressores, um material que pode ser vendido.
Estas "acabam por cortar a tubagem onde estão os gases que se perdem para a atmosfera e, quando [os equipamentos] chegam às empresas que vão desmantelar o aparelho, já não existe gás", explicou Rui Berkemeier.
Apesar de reconhecer que Portugal "está a evoluir" na gestão dos resíduos dos equipamentos elétricos e eletrónicos, o ambientalista referiu que, nesta área específica, "há ainda uma falha muito grande", o que disse ser reconhecido, quer pelas entidades gestoras, quer pelo Ministério do Ambiente.
Para Rui Berkemeier, trata-se de "uma falha de fiscalização, mas principalmente de uma falha do sistema" e defendeu que "devia ser criado um mecanismo que impedisse o acesso de pessoas que façam manuseamento ilegal do aparelho".
O gás contido nos aparelhos de refrigeração afetam a camada de ozono na atmosfera e esta é importante na proteção dos raios ultravioletas.
O tema da celebração deste ano Internacional é "Proteção da Camada de Ozono: A Missão Continua", quando se espera que a camada de ozono "recupere em meados deste século", refere o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), entidade que não deixa de alertar que ainda existem alguns desafios pendentes na eliminação das substâncias destruidoras.
Também Rui Bermeier recordou os últimos relatórios internacionais que "são animadores no sentido de que há, de facto, uma estabilização da redução do buraco da cama de ozono, ou pelo menos uma redução do ritmo".
Para o ambientalista da Quercus, "isso prova que é possível, quando há vontade política, alterar o quadro das coisas".
Na semana passada, após a divulgação de um documento da Organização Mundial de Meteorologia e do programa das Nações Unidas para o Ambiente, a ONU dizia que as ações desenvolvidas a nível mundial para proteger a camada de ozono devem permitir a sua recuperação até 2050, no entanto alertava para a urgência de lutar contra o aquecimento global.
"A reconstituição nos próximos decénios da camada de ozono que protege a Terra é uma notícia, [conseguida] graças à ação internacional concertada contra as substâncias que empobrecem o ozono", refere o relatório, resultado do trabalho de cerca de 300 cientistas de 36 países.
Por Lusa