A análise, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o apoio da Direção Nacional do Ensino Geral, nas províncias de Luanda, Cunene, Bié, Huíla, Namibe e Huambo, visa, segundo os promotores, "abrir caminho a um debate" sobre o assunto e nomeadamente para a necessidade de um "planeamento e orçamento adequada para escolas primárias".

As conclusões do estudo, realizado no âmbito do projeto "Escolas Amigas da Criança" e apresentado publicamente esta quarta-feira (17/08) em Luanda, referem que o "saneamento débil" nas escolas primárias "deve-se principalmente a falta de financiamento", demonstrando que a situação "deve merecer muita atenção das autoridades".

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Acrescentam que cada uma das escolas visitadas "carece" de um "ambiente higiénico sanitário favorável", dando como exemplo a média de acesso pelos alunos a casas de banho, que se cifra em 58%. Destes, 29% usam apenas latrinas, mas a prática de defecação ao ar livre é "habitual" para cerca de 45%. E nestas situações, 44% dos estudantes do ensino primário abrangidos pelo estudo "defecam ao lado da escola", enquanto 45% o fazem no mato.

As conclusões do estudo referem ainda que, em média, cerca de 310 alunos partilham um cubículo, transformando-se este "num fator inibidor para o acesso aos quartos de banho ou latrinas".

Apenas 35% das escolas tem água potável

O acesso a água potável é outro fator crítico da análise, já que apenas 35% das escolas tem água para beber disponível e 62% não possuem qualquer fonte adstrita. Comparativamente ao tratamento, 24% das escolas inquiridas responderam que davam algum tratamento a água para consumo, enquanto os restantes 76% não tratavam a água, mas os diretores admitiam "problemas de saúde com os alunos".

Estes números, segundo as conclusões do estudo, "demonstram que as escolas podem ser um espaço pouco favorável para a promoção da saúde das crianças", tendo em conta que as doenças diarreicas, causadas na maior parte das vezes pela falta de saneamento e fraco acesso a água potável, "são responsáveis por 18% das mortes de menores de 05 anos, sendo muito comuns em crianças em idade escolar".

A Unicef reconhece que a "falta de investimentos públicos", quer ao nível das escolas, como das Administrações municipais, "para que se possa manter as operações e a manutenção diariamente", ajudam a explicar o "agravamento situação" em Angola.

"Algumas escolas do ensino primário carecem de adjudicação direta de fundos e estão impossibilitadas de fazer gastos constantes", apontam as conclusões.

O documento recorda que diferentes estudos da Unicef e da Organização Mundial de Saúde (OMS) concluíram que a aposta na construção de instalações de água e saneamento nas escolas tem "um forte impacto positivo na redução dos riscos ocorrências de diarreias e outras doenças causadas pela falta de higiene". Além disso, pode mesmo "influenciar o aumento de matrículas por parte das raparigas, bem como nas taxas de retenção e conclusão".

Com Lusa